Num mundo de trabalho cada vez mais competitivo, não é raro ouvirmos entre familiares, amigos, colegas ou em conversa de café, as expressões: ''Sinto-me como uma bateria a descarregar'' ou ''Estou esgotado''. A Síndrome de Burnout surge como um quadro psicológico frequente nos pedidos de terapia. Corresponde a exaustão física e psíquica, acompanhada de falta de realização profissional e da sensação de que todos os objetivos profissionais, a que o indivíduo se propôs, falharam.
Confunde-se com a depressão e convém esclarecer as diferenças entre estes quadros clínicos. No Burnout existe o cansaço físico e psíquico associado a atividade profissional, sabendo o indivíduo quais são as razões exatas para esse cansaço. Contudo, o indivíduo continua a retirar prazer na realização de outras atividades, fora do contexto laboral.
Sintomas: esgotamento emocional, com diminuição e perda de recursos emocionais; despersonalização ou desumanização, que consiste no desenvolvimento de atitudes negativas, de insensibilidade ou de cinismo para outras pessoas no trabalho ou no serviço prestado; sintomas físicos de estresse, sendo cansaço e mal-estar.
Manifestações emocionais do tipo: falta de realização pessoal, tendências a avaliar o próprio trabalho de forma negativa, vivências de insuficiência profissional, sentimentos de vazio, esgotamento, fracasso, impotência, baixa autoestima; frequente irritabilidade, inquietude, dificuldade de concentração, baixa tolerância a frustração, comportamentos paranóides e/ou agressivos para os clientes, companheiros e família.
Manifestações físicas: como qualquer tipo de estresse, a Síndrome de Burnout pode resultar em transtornos psicossomáticos. Estes, referem-se à fadiga crônica, frequentes dores de cabeça, problemas com o sono, úlceras digestivas, hipertensão arterial, taquiarritmias, e outras desordens gastrintestinais, perda de peso, dores musculares e de coluna, alergias, e outros.
Manifestações comportamentais: probabilidade de condutas aditivas e evitativas, consumo aumentado de café, álcool, fármacos e drogas ilegais, absenteísmo, baixo rendimento pessoal, distanciamento afetivo dos clientes e companheiros como forma de proteção do ego, aborrecimento, atitude cínica, falta de paciência e irritabilidade, desorientação, incapacidade de concentração, sentimentos depressivos, conflitos interpessoais no ambiente de trabalho e familiar.
O tratamento da Síndrome de Burnout pode ser feito de várias formas: encaminhamento ao psicólogo; sessões de grupo (trocar ideias com outras pessoas); sessões de relaxamento; terapêutico (fármacos antidepressivos); psicoterapia (acompanha o tratamento farmacológico sendo uma ajuda de bom êxito da terapêutica). Muito importante neste caso é o psicoterapeuta, que deve procurar incutir no doente a constância necessária para prosseguir a terapêutica farmacológica. A psicoterapia compreende diversos tipos de tratamento psicológico e através de conversas e exercícios, de um terapeuta qualificado, ajudam a ultrapassar a crise, incutindo-lhe segurança e dando-lhe o apoio necessário.
Eliane Marçal, psicóloga clínica e hipnoterapeuta (Londrina)