Como é importante dizermos essas três palavrinhas. O significado tem o poder de transformar coisas ruins em coisas maravilhosas. Quando um filho enlaça com seus braços e diz ao pai ou à mãe: eu te amo, transcorre um feixe de luzes em volta dos dois, construindo e fortalecendo os liames que os une, de forma a consolidar aqueles laços de afetividade, de amor, de querer bem.
Estou acostumado a ouvir pacientes que sofrem demasiadamente e relatam a sua dor por um ente querido não manifestar seu carinho, sua estima. Engraçado o ser humano. As coisas evoluem, as descobertas do homem moderno com sua tecnologia de ponta, os laboratórios com suas pesquisas nos apresentando remédios fantásticos, a tecnologia com a velocidade da informação onde em tempos recentes nem havíamos condições de imaginar.
E o ser humano, ainda hoje, fazendo uso de suas queixas habituais. Um pai, uma mãe, defronte um terapeuta, falando de forma triste, sentida, que trocaria muitas e muitas coisas que lhe são caras, gratas e importantes, por um gesto de carinho de um ente querido. Com toda a evolução acima citada, e o que ainda está por vir nos próximos anos, o ser humano pouco sabe de si próprio. E, quando sabe, pouco sabe lidar consigo mesmo.
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Quantos e quantos se vêm nesta situação, de ter o que querem, porém, o que gostariam mesmo de ter, pouco ou nada têm. O carinho, o afeto, o reconhecimento e a gratidão são poucos que realmente vivenciam. São uns privilegiados, com certeza.
Vamos ser honestos e sinceros. Pouco se faz para que isso aconteça. Aí vem a pergunta, por que? Porque somos duros, turrões, envergonhados, sem jeito, preconceituosos em darmos um abraço cheio, gostoso, aquele abraço integral, maravilhoso, que nos transporta a sensações de esplendor de amor.
Amor por todos os lados e poros. Beijar a quem amamos, às vezes, é algo intransponível aos nossos preceitos, preconceitos, formação, vergonha. Por isso sofremos. E, diante do terapeuta, envergonhados de não sabermos e/ou não conseguirmos fazer, contamos nosso sofrimento interior por não ouvirmos essas três palavrinhas eu te amo.
Não é fácil, porém, nada intransponível. Uma paciente, com extremo retardo físico, olha sempre para seus pais - adotivos - e os abraça, feliz, muito feliz, irradiando amor para todos os lados, e emite seus sons de alegria, carinho, candura e querer bem. Ela assim se manifesta quando quer expressar seu sentimento de amor e reconhecimento. Que felicidade nessa família, apesar da provação muito forte.
A experiência do amor fraternal nos faz mais dóceis, mais pacientes, calmos, tranquilos. Faz-nos estar de bem conosco mesmo e dilata e expande nossos valores morais, como a capacidade de amar, de perdoar, inclusive a nós mesmos, a capacidade de tolerar, de sublimar e por aí vai.
Vamos exercitar essas três palavrinhas iniciando para conosco mesmo. Quem não consegue se amar integralmente, precisa rever o que não se perdoou ainda.
Eduardo Valente - terapeuta (Curitiba)