Muita gente deixa de procurar o trabalho psicoterápico ou não confia inteiramente em sua eficácia pelo simples motivo de não conhecê-lo. Fantasias e preconceitos então se misturam às origens psicogênicas do problema, dificultando a busca de soluções.
O trabalho psicoterápico, baseado na queixa sexual psicogênica, não assume um caráter único e exclusivo de conduta terapêutica. A avaliação deste tipo de trabalho como simplista ou incompleto pode ter origem tanto na falta de informação como no preconceito à respeito desta prática.
É fato que ele se distancia de outras condutas terapêuticas, uma vez que concentra esforços na solução do problema sexual. Isso porque o trabalho específico com a sexualidade aprimorou recursos de intervenções práticas para a solução deste problema específico. Porém, este não representa o limite do trabalho.
Leia mais:
Comportamento de risco aumentou infecções sexualmente transmissíveis
Programas focados em abstinência sexual não são eficazes, diz SBP
Evento em Londrina discute vida sexual em relacionamentos longos
Você sabia que colesterol alto pode levar à impotência?
Desde a avaliação psicológica diagnóstica, que tem por finalidade detectar fatores emocionais potencialmente envolvidos na queixa, sejam eles primários ou secundários à disfunção, até a terapia sexual propriamente dita, o profissional acumula um material sobre a subjetividade do paciente, de fundamental relevância para o curso do tratamento.
A tônica na condução desse processo reside na organização prática que o psicoterapeuta faz daquilo que o paciente oferece sobre o seu sofrimento psíquico (e os meios que já utilizou para tentar resolvê-lo), propondo uma intervenção inicial focada no sintoma principal (disfunção sexual), ou nos aspectos emocionais impeditivos de um resultado mais positivo em suas experiências sexuais (sem perder, obviamente, de vista, o problema sexual que aflige o paciente).
A atenção do psicoterapeuta está voltada para uma variedades de aspectos individuais do paciente, tais como: assertividade, flexibilidade, relacionamento interpessoal, avaliação particular que ele faz dos acontecimentos, expressão emocional, bem como para os meios de que o paciente se utiliza para estabelecer os seus envolvimentos afetivos-sexuais.
O trabalho em sexualidade conta com uma abordagem técnica específica, e sua aplicação varia de acordo com a demanda que o paciente apresenta.
Tendo em vista os pontos que desencadearam ou mantêm uma disfunção sexual, o psicoterapeuta poderá planejar a sua atuação e, ao longo de seu desenvolvimento, avaliar os recursos que está utilizando a partir dos resultados obtidos no decorrer das sessões.
Margareth Reis, psicóloga, terapeuta sexual e de casais no Instituto H. Ellis (SP)