Atualmente o termo grupo de risco está sendo substituído por comportamento de risco. Nos anos 1980, quando a epidemia de Aids foi descoberta, os homossexuais, os drogaditos e os hemofílicos eram chamados de grupo de risco, mas atualmente, com a ampla disseminação do vírus, todas as pessoas sexualmente ativas correm um certo risco.
Comportamento de risco é compartilhar seringas e drogas, reutilizar objetos cortantes e praticar sexo com pessoas infectadas sem camisinha. A contaminação dos heterossexuais vem aumentando e de modo mais acentuado entre as mulheres.
Os adolescentes têm nos preocupado, pois a incidência da doença tem aumentado muito na faixa dos 13 aos 19 anos, especialmente entre as meninas, como bem mostrou este jornal em 20 de outubro de 2010 (no Paraná são 2,3 meninas para cada garoto contaminado).
Nossa pesquisa (ainda não publicada) em Londrina, mostra que aproximadamente metade dos adolescentes não usam camisinha e uma grande parte usa de um modo inadequado. Mas a grande questão é: por que com tantas informações os jovens insistem em se arriscar na roleta russa da sexualidade irresponsável?
Também em Londrina, em outra pesquisa do ano passado, revelamos que 60% dos pais de adolescentes nunca tiveram uma conversa clara com seus filhos sobre sexo nem sobre o que é permitido ou proibido pelos padrões morais da sua família.
Até que ponto nossa sociedade com suas famílias permanecerá alienada? Esta alienação é um estímulo para a coisificação dos filhos que usam e são usados no fast-food da autosatisfação imediata e traumática!
Se refletirmos com calma concluiremos que a solução vai sempre cair na educação. Quando falo em educar, é na real educação voltada para a afetividade, mas isto é assunto para outra ocasião.
Calvino Coutinho Fernandes - sexólogo (Londrina)