Homens e mulheres têm expectativas diferentes sobre como agirem em várias situações. As expectativas diferentes causam situações desconfortáveis e muitas vezes o desconforto transforma-se em brigas ou discussões que atrapalham o relacionamento positivo do casal.
Um exemplo, de certa forma comum, ouvi de um paciente que estava muito chateado com a namorada, com quem recém iniciara um compromisso a dois. Ela o convidou para irem ao shopping, um desses muitos da cidade de São Paulo, pois desejava comprar um sapato. Ele a acompanhava na primeira loja, e já percebera que não participava em nada da discussão sobre o modelo, cor ou se havia ficado bem ou não o modelo experimentado. A namorada dialogava com o vendedor.
Após uns 20 minutos na loja, a namorada saiu, sem comprar nada, dirigindo-se a outra sapataria. O mesmo se repetiu, e assim ocorreu com mais duas sapatarias. Na quarta loja o rapaz deixou-a dentro da estabelecimento e procurou usar o tempo conversando ao celular com amigos.
Quando a namorada saiu desta loja, ainda sem comprar nenhum sapato, reclamou, em especial, que ele não precisava ter vindo, pois em nada auxiliara a respeito de comprar sapatos. Recebeu como resposta um sorriso com a afirmação de que é assim mesmo que acontece quando mulheres saem para fazer compras. E a moça ainda confirmou que sua mãe agia da mesma forma.
O rapaz mostrou-se inconformado, já avisando que não participaria mais dessas compras sem comprar e que ainda demoravam um tempo sem utilidade. O casal ficou brigado por vários dias.
Cada homem e cada mulher aprende costumes e comportamentos como se fossem normais e os repetem involuntariamente. Nesse caso a moça percebia que o que ela fazia era como se fosse normal e reconhecia a inutilidade do namorado nas compras, pois a mãe também agia da mesma maneira.
Necessidades individuais precisam ser, primeiramente, reconhecidas pelos dois indivíduos e então conversadas e negociadas para que dissabores como esses não ocorram. Conversar sobre assuntos difíceis deve ser fora do momento quente de uma provável discussão e mais mágoas. Deve ocorrer noutro momento em que ambos estejam bem e tranquilos.
Conversar significa falar nas próprias necessidades, do que se sente. Conversar não é focar o que falamos no outro, mas em si mesmo. Assim ambos podem conhecer as limitações e necessidades, consentir, compreender e participar ou não destas necessidades.
Oswaldo M. Rodrigues Jr - psicólogo e psicoterapeuta (Instituto Paulista de Sexualidade).