'E aí, foi bom pra você?'' Este clichê, repetido por muitos homens ao final do ato sexual, pode demonstrar muito mais coisas do que a preocupação do homem com a satisfação de sua parceira. Ele é um dos marcadores da ditadura do orgasmo, que, por sua vez, é um dos grandes problemas sexuais das mulheres modernas. ''Eu também incluiria nesta lista os problemas dos parceiros delas e o bloqueio do desejo sexual, não o do orgasmo'', enumera o ginecologista e terapeuta sexual Gérson Lopes, consultor em Projetos de Sexualidade do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP).
A menos que o casal tenha optado pela abstinência sexual, a ausência de sexo em um relacionamento afetivo é um problema que deve ser resolvido com ajuda específica. Mas a obsessão feminina pelo orgasmo pode constituir outro problema. Feito pela psiquiatra Carmita Abdo, o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, diz que 32,5% das brasileiras iniciam a vida sexual preocupadas se vão ou não atingi-lo.
A relação, que deveria ser vista como um momento de prazer do início ao fim, se reduz a uma busca por seis a 15 segundos do êxtase. ''O que tem de existir, em toda relação, é o prazer, algo diferente do orgasmo'', diz Lopes.
E, como se a ditadura do orgasmo não fosse suficiente, muitas mulheres se torturam em busca de orgasmos múltiplos. Presentes em filmes, sua impossibilidade, às vezes, contribui para a frustração da mulher.
O sexólogo diz que o sexo não deve ser buscado para resultados. E, se as cobranças e mitos vierem dos homens, é preciso ter ainda mais cuidado. ''O gogó masculino deveria ser considerado um órgão sexual'', brinca Lopes.
Lola Felix, Agência Estado