Muitas mulheres hoje em dia têm demonstrado um receio ou até mesmo aversão à possibilidade de eventualmente fazer um parto normal. Estas ressalvas normalmente não estão relacionadas somente ao medo do momento do parto, mas também às condições que podem se estabelecer no pós-parto em relação à atividade sexual.
O parto normal deve ser considerado o melhor tipo de parto, pois ele proporciona benefícios maternos, como o rápido restabelecimento das condições físicas e involução do útero e do abdome, descida do leite imediata e menor risco para hemorragia uterina.
Para o bebê também há benefícios, considerando que o nascimento acontece no momento ideal e a pressão que ele sofre pelo canal vaginal faz com que o líquido que estava em seus pulmões saia naturalmente.
Com um bom acompanhamento durante a gravidez, por meio de exercícios específicos indicados para cada alteração que a gravidez trará, é possível preparar todo o corpo da mulher para o parto normal mais rápido e eficiente, prevenindo alterações nos músculos do períneo, porque estes estarão fortalecidos e mais flexíveis para a passagem do bebê, garantindo assim um retorno rápido às condições pré-gravídicas.
A fisioterapia no pré-parto pode ensinar, além dos exercícios, posicionamentos, atitudes e respiração da mãe durante o trabalho de parto, que contribuirão para a dilatação mais rápida, contrações mais eficientes e alívio da dor.
Toda a genitália externa e a vagina modificam-se na gravidez por razão dos hormônios presentes, e após um parto normal bem conduzido, todas estas estruturas têm condições de retorno ao normal, sendo que alguns exercícios perineais podem acelerar este processo.
Num parto normal com todas as condições ideais presentes, não deverá ocorrer nenhum tipo de consequência para o pós-parto. Algumas vezes a episiotomia - pequeno corte na região do períneo - é necessária para aumentar a saída do canal de parto. Esta é uma incisão cirúrgica regular e garante a manutenção da abertura da vagina, não comprometendo a função sexual posterior.
Mitos e Verdades
Mito: dizer que todo parto normal vai ''alargar'' o canal vaginal e que esse não volta mais ao normal, quando são os hormônios da própria gravidez que amolecem estes tecidos
Verdade: nem todo parto deve ser normal, pois quando algum fator não estiver dentro dos parâmetros normais, como o bebê acima do peso, dilatação incompleta do colo do útero da mãe ou contrações ineficientes, deve-se optar pela cesariana
Adriana Paula Fontana Carvalho, fisioterapeuta, mestre em Medicina e Ciências da Saúde e docente da área de fisioterapia aplicada à ginecologia e obstetrícia