Com a proximidade do Carnaval, os foliões já estão animados para a maior festa popular do Brasil. E não só as batucadas estão presentes nesta época, mas inúmeras campanhas incentivando o uso de preservativos durante o período. Porém, independentemente das campanhas, precisamos nos preocupar sobre como essas informações estão chegando aos jovens. Que diálogos estamos tendo com a nossa família? E na escola? É possível dialogar sobre estes assuntos? Criticamos? Informamos? Orientamos? Qual o nosso papel neste processo?
Para o educador Rubem Alves, no sujeito que assume a tarefa de ensinar duas são as dimensões presentes: a de educador e a de professor. O educador habita um mundo onde as pessoas passam a se definir por suas visões, paixões, esperanças e horizontes utópicos. Enquanto o professor é um funcionário de um mundo dominado pelo Estado e pelas empresas, administrado o tempo todo. E você, assume qual tarefa: a de educador ou de professor?
Enfim, mesmo na dúvida, assim como em todos os períodos, no Carnaval é sempre bom trabalhar o tema sexualidade em sala de aula, principalmente para despertar no aluno a consciência da valorização do corpo, resgatando assim a autoestima desses jovens, o amor ao próximo, o gostar-se. Neste processo, deve-se deixar claro que a sexualidade está presente em nossas vidas e que se reflete em todo o nosso comportamento.
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Acredito, então, que não preciso falar de prevenção, da necessidade de usar preservativos, pois se o meu aluno ou aluna tiver consciência da valorização do seu corpo, com certeza não deixará de se prevenir, evitando desta forma várias doenças, e até mesmo uma gravidez indesejada.
E na escola, assim como a sexualidade, as questões relacionadas ao corpo precisam constar no currículo, pois como apresenta a professora doutora Mary Neide Damico Figueiró, ''é necessário considerar que é no corpo, e pelo corpo, que o indivíduo passa a se dar conta de sua existência real e concreta, bem como da existência do mundo à sua volta''.
Afinal, não nascemos 'do nada', procedemos de um ato amoroso de outros seres humanos. Precisamos de afeto e amor para garantir nossa sobrevivência, em todas as ocasiões de nossa vida. Bom carnaval a todos.
Ricardo Desidério da Silva, professor mestre, educador sexual, integrante da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH) e do Círculo de Pesquisa em Educação Sexual e Sexualidade (CiPESS/UEL)