Muita gente pensa que hoje o sexo é livre. Afinal, ele está em toda parte. A quantidade de programas de TV com apelos sexuais seria a prova incontestável disso, entretanto, na vida de cada um liberdade sexual é objetivo difícil de ser atingido.
O sexo é alvo da maior perseguição na área dos costumes e fonte de grandes sofrimentos. Todos se reprimem e estão sempre prontos a criticar o outro por sua conduta sexual.
As pessoas padecem por conta das próprias fantasias, desejos, culpas, medos e frustrações sexuais. E quem é feliz está livre da sede de poder e se você tem a sensação de uma vida viva, alcança uma autonomia que se nutre das potencialidades do eu.
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Em tempos atrás o golpe de mestre na aniquilação da liberdade sexual foi em todo o Ocidente, a liberação da pornografia. ''Vocês querem sexo? Então vão ter.'' A partir daí passamos a ser bombardeados por um sexo obsceno, sujo, impessoal, de baixo nível. Essa estratégia se mantém, impedindo a verdadeira liberação da sexualidade.
Controlar a sexualidade das pessoas significa controlar as pessoas. Esse processo se inicia na infância e continua por toda a vida.
Os valores repressores são absorvidos de tal forma que, não percebendo sua existência, as escolhas pessoais, predeterminadas no inconsciente, assumem aparência de escolhas livres.
Esse é o grande perigo da repressão sexual e o principal motivo da baixa qualidade do sexo praticado.
Quanto mais a pessoa amplia, aprofunda e diversifica sua vida sexual, mais corajosa se torna. Vive com mais vontade, mais alegria, esperança e decisão. Pode vir a representar perigo do ponto de vista da ordem estabelecida.
Por ser arriscado, a maior parte das pessoas renuncia à sexualidade e fica quieta no seu canto e vai se apagando de vida, de corpo e de espírito.
Para a maioria o sexo está a serviço de outros objetivos. Nos últimos 40 anos a moral sexual sofreu grandes transformações, no inconsciente os antigos tabus ainda persistem. O sexo continua sendo um problema complicado, com muitas dúvidas.
A maioria das pessoas dedica um tempo enorme de suas vidas às suas fantasias, desejos, vergonhas, medos e culpa.
Não é de admirar que tanta gente renuncie à sexualidade ou que a atividade sexual exercida em nossa cultura seja de tão baixa qualidade.
Na maioria das vezes ela é praticada como uma ação mecânica, rotineira, desprovida de emoção, com o único objetivo de atingir o orgasmo o mais rápido possível. Resulta um desempenho bastante ansioso, levando a um bloqueio emocional e vários tipos de disfunção, como impotência, ejaculação precoce, ausência de desejo e de orgasmo, sem falar nos casos mais graves de enfermidades psíquicas.
É preciso descomplicar o sexo. Mas é inegável que, apesar de tudo, algumas pessoas consigam romper com a repressão e alcançam a autonomia para buscar no sexo a única coisa que ele pode oferecer: prazer sexual.
Eliane Marçal- psicóloga clínica e hipnoterapeuta (Londrina)