Sexualidade

Comportamento depressivo é comum na atualidade

28 abr 2011 às 15:52

A depressão, novo mal do século, é uma palavra que percorre o mundo contemporâneo, bem com se apresenta como sintoma deste tempo, que pode ser qualificada de afeto central da modernidade. Levamos em conta esse sintoma do mal estar da civilização, pois se a depressão não existe, encontramos sujeitos deprimidos.

Não consideramos tal como a medicina e a psiquiatria esse termo como um denominador comum de todas as referencias clínicas, como uma possível elucidação de todos os mecanismos do psiquismo e das condutas.


Estas definem a depressão como uma disposição psíquica na qual o doente experimenta tristeza e ou inibição sensível da atividade, se tornam os principais sinais. A esta definição acrescenta-se tanto a angustia, a dor psíquica quanto a um conjunto de fenômenos psicossomáticos, tais como reações dermatológicas, nevrálgicas, insônias, hipersonia, desregulamento dos ciclos vitais do sujeito feminino, anorexia, suicídios.


De uma maneira geral, a depressão é descrita como uma atitude passiva que encobre desde a tristeza até o abatimento moral, redução motora afetiva e das ideias até a auto depreciação e a autodestruição. Para a psiquiatria de hoje, a depressão é um campo de predileção. Assim a depressão outrora síndrome, é hoje doença. A depressão é ao mesmo tempo definida como um conjunto de fenômenos, ou seja um sintoma e uma síndrome ou uma entidade mórbida particular.


A posição psicanalítica sustenta que a depressão não pode ser reduzida nem a eficiência dos anti-depressivos, nem a uma aparente unidade fenomenal. A psicanálise responde que as manifestações depressivas se encontram na neurose, psicose e perversão e de maneira diferenciada. Para a psicanálise, a depressão é mais precisamente a pertubação do humor reforçado pela inibição, é um afeto.


Ao contrário da angustia que é um afeto que não engana, a depressão é um afeto que pode enganar. O sujeito deprimido é um sujeito afetado por um vazio que se engana quanto a natureza deste vazio. Para Freud, o sentimento deste vazio refere-se a uma perda, aquela que se situa entre real e ideal entre luto e melancolia. O luto marcado por uma perda real do objeto produz uma depressão que se caracteriza pela retirada dos investimentos destinadas ao objeto. O fato do luto suspende, temporariamente, o interesse pelo mundo exterior .


Depois de acabado o luto, o objeto desaparece, após o reexame sucessivo de perda de um destes traços para deixar o lugar para um novo amor que passa a ocupar o lugar vazio. Na melancolia, o sujeito traz a falta sobre ele, a perda do objeto provoca efeitos sobre o eu, delírio do melancólico, de indignidade, de culpabilidade, de não valor e seu corolário. Nada mais atroz do que esta dor eterna que diante da depreciação de si mesma se pergunte para que ficar doente para ter acesso a uma tal verdade?


Portanto, nenhum outro pecado universal, a não ser a dor de existir, pois toda afecção da alma repousa, numa falta moral, sobre as ideias inadequadas, resulta a diminuição da potência do agir do corpo, efeito de uma traição do sujeito a si mesmo; assim está feita a conexão entre a falta moral e culpabilidade, falta esta do bem dizer de algo que ficou maldito. Quem sabe a vida assim se torne mais amiga quando se pode verdadeiramente se saber na vida.

Sonia Maria Petrocini - psicanalista (Londrina)


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