A sexualidade relaciona-se com o papel que homens e mulheres desempenham socialmente. A sociedade estabelece hierarquicamente papéis sociais para o homem e para a mulher, nos quais, não raramente, encontramos o homem colocado em um papel privilegiado.
A sociedade espera do homem e da mulher o que chamamos de papel sexual. O papel sexual é o modo com que os indivíduos se comportam com os do mesmo sexo. A sociedade e a cultura de cada povo determinam como homens e mulheres vão incorporar esses papéis, e quem não segue o padrão, muitas vezes, não é visto com bons olhos.
Há séculos não se admitia que a mulher trabalhasse fora, usasse calças compridas e batom. Hoje, muitas mulheres realizam trabalhos iguais aos dos homens e se vestem de acordo com a conveniência, condições e ocasião.
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Mesmo com a modernização que a estrutura social sofreu nas últimas décadas, vemos que a educação das meninas e meninos continua sendo bem diferenciada. Enquanto os meninos são educados dentro da ótica da competição e agressividade, as meninas são educadas para serem delicadas e maternas.
E, quando chega a adolescência...
Para a jovem, tem-se uma série de proibições: não deve sair sozinha, não pode transar com o namorado entre outros. Mas para o rapaz, tudo é permitido e até estimulado: sair só, beber, fumar, voltar para casa de madrugada, ter relações sexuais.
Por isso, ao educador cabe a tarefa de desencadear a reflexão e o debate sobre os papéis sexuais carregados de esteriótipos, ou seja modelos rígidos de comportamento. Não se pretende fazer meras substituições sociais que os homens e as mulheres ocupam, mas promover a igualdade de direitos e a equiparação de oportunidades.
O adolescente em geral, não expõe suas dúvidas e curiosidades sobre o assunto, por medo de ser taxado de avançada demais - as meninas - ou bolha - os meninos.
Eles procuram satisfazer suas curiosidades de diversas maneiras, como buscando informações na mídia, com os pais, com os colegas e até mesmo com os professores. Passam por baixo das carteiras revistas pornográficas, assistem em grupo a filmes, discutem sobre personagem de novelas a ser ou não hermafrodita e polemizam se uma colega de classe poderia ter evitado aborto. Falam de alguém que cometeu estrupo e foi preso, de assédio sexual, da prostituição infantil.
Esses entre outros aguçam a curiosidade dos jovens. Os olhares são cheios de indagações, portanto o espaço para debate deve estar aberto, para divagar sobre a sexualidade. O importante é ter uma boa interação com os jovens e disponibilidade afetiva para que o adolescente possa interagir no contexto da sexualidade.
Eliane Marçal - psicóloga clínica e hipnoterapeuta