A capacidade de receber carinho pode ser algo aprendido ainda nos primeiros meses de vida. Este aprendizado é essencial para o desempenho da vida adulta. A pessoa que se sentiu cuidada pelo outro passa com mais tranquilidade as perdas, fracassos, medos de enfrentar a vida e outras situações de crise.
O cuidado feito por uma figura materna pode resultar num sentimento de prazer, sendo que este permanecerá como uma tela de fundo para experiências de relacionamento futuro, tornando-se uma característica do indivíduo presente nos diferentes aspectos da vida.
Isso é necessário para que adultos consigam estabelecer uma relação duradoura e estável, bem como construir relações de intimidade. As relações amorosas baseiam-se nesta intimidade, que é um conceito diferente de convivência e diferente de mistura, de simbiose.
A intimidade pode ser tida como uma atitude de troca, o compartilhar de alegrias e dificuldades. É ainda a confiança de que o outro parceiro pode escutar seus dilemas e angústias. A intimidade acontece também dentro da sexualidade, baseada nos mesmos conceitos de confiança e compartilhamento.
Para ser íntimo de alguém se faz necessária individualidade e um pouco de privacidade. É importante primeiro conhecer-se e depois compartilhar na vida a dois. Desenvolver o gostar de si mesmo e valorizar-se para gostar do outro. Um casal que mantém outros interesses pessoais, que respeita e favorece o desenvolvimento da individualidade de cada um, continua a ter prazer em estar junto e em fazer trocas. Nas palavras de Fernando Pessoa, ''para viver a dois, antes, é necessário ser um''.
Muitas vezes, a rotina e o cansaço do dia a dia aumentam a sensação de falta de novidade e diminui o desejo de estarem juntos, de construir e planejar novas situações e momentos. Consequentemente, diminuem a alegria e a cumplicidade que os uniu. Assim, confidências dão lugar a queixas e sonhos tornam-se críticas e, deste modo, a intimidade é desfeita.
Diante disso, é preciso cultivar a intimidade nos relacionamentos. Demonstrar afeto e honestidade que levam à profundidade dos vínculos e faz com a pessoa conheça e aceite ao outro e ao si mesmo.
Leda Meda Caetano, terapeuta de casal e família, e Taritha Meda Caetano Gomes, advogada (Londrina)