Experimentos variados há 30/40 anos comprovaram que mulheres excitam-se sexualmente quando expostas a estímulos visuais, auditivos, literatura erótica, filmes e fantasias autogeradas.
Mesmo assim, continuamos a encontrar mulheres que apresentam dificuldades de excitação sexual, sem predisposição para fazer sexo.
Para a excitação sexual acontecer, uma mulher precisa ter desejo/motivação para o contato sexual para que os estímulos sensoriais produzam uma ação que permita a erotização e o funcionamento fisiológico sexual. Nos dois casos existem necessidades cognitivas a serem consideradas.
O que a mulher pensa a respeito de si mesma e dos outros (especialmente o parceiro) e o futuro serão facilitadores ou empecilhos para que o sexo se manifeste.
A mulher se sente uma pessoa sexualizada? Se não houver uma resposta positiva, ela nem estará predisposta, quanto menos sentirá desejo de sexo.
Outras questões: ela considera que o parceiro lhe fará bem com a atividade sexual? Ela pensa que a atividade sexual pode ser uma forma de ligação que participa da afetividade e do contato a dois? Como sentir desejo e fazer sexo associa-se com o futuro? Ela planeja um futuro para o sexo?
Esses questionamentos são uma forma através da qual uma mulher pode desenvolver a sexualidade. Mas se ela obtiver negativas a essas perguntas, ainda assim ela pode tomar decisões sobre sua sexualidade.
Quando uma mulher sente que sexo não lhe interessa, talvez esteja planejando uma vida sem sexo. Esse planejamento é muito sério e muito importante de ser considerado. O caminho da ponderação, de planejar uma vida sexualizada, é a maneira de mudar o futuro.
Ela tem se planejado viver com atividades sexuais? Ela pensa em atividades sexuais para si e para o companheiro?
Para a excitação sexual feminina acontecer, a mulher precisa propor-se a ser sexual, dedicar-se a atividades de cunho sexual, a cada dia, praticar a expressão sexual. E isto não significa arrumar-se, ir a cabeleleiro ou fazer dieta para manter-se magra. Dedicar-se à expressão da sexualidade é desenvolver a sensualidade, vivenciar os estímulos que vêm dos cinco sentidos, com significados sexuais e eróticos.
Dedicar-se significa separar um tempo todos os dias, durante a semana toda, a atividades pró-sexuais.
Se o pensamento e a atenção apenas se ocupam de atividades não sexuais, o futuro está decidido: será sem sexo.
Ao assumir a responsabilidade de ser agente, dona de sua própria identidade e vida, essa mulher poderá definir-se sexual. Se deixar rolar, o mundo já decidiu por ela: trabalhar, arrumar a casa, cuidar dos filhos... o mundo a ensina que isso bastará para sentir-se mulher. E assim teremos uma mulher não sexual.
Oswaldo M. Rodrigues Júnior - Psicólogo e psicoterapeuta (São Paulo)