O Brasil é um dos mais de cem países envolvidos na campanha ''Viva sua vida antes de iniciar outra'', promovida por ONGs e sociedades médicas internacionais, com o patrocínio da Bayer Schering Pharma. O objetivo é incentivar a reflexão sobre os diferentes aspectos que envolvem a sexualidade na adolescência.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 479.511 mulheres grávidas com menos de 19 anos foram atendidas pelo SUS em 2005, sendo que 26,7 mil tinham entre 10 e 14 anos de idade. Campanhas e ações diversas ajudaram a diminuir estes números em São Paulo: em 2006, 100.631 jovens com menos de 20 anos se tornaram mães no Estado, um índice 4% menor do que o verificado em 2005, que foi de 104.984 adolescentes grávidas.
As estatísticas sobre gravidez precoce ainda merecem atenção, pois a mulher está exposta a vários riscos ao engravidar na adolescência. ''Até que os ciclos menstruais já estejam estabelecidos (aos 16, 17 anos), a menina ainda está em formação'', explica o ginecologista Rosires de Andrade, do departamento de Toco-Ginecologia da UFPR. Uma gravidez durante o período de amadurecimento pode resultar em uma pausa no desenvolvimento, causada pelo estrogênio, que será produzido durante a gravidez. Segundo Andrade, a gestação precoce é bem mais arriscada do que a gravidez em uma idade madura.
Leia mais:
Comportamento de risco aumentou infecções sexualmente transmissíveis
Programas focados em abstinência sexual não são eficazes, diz SBP
Evento em Londrina discute vida sexual em relacionamentos longos
Você sabia que colesterol alto pode levar à impotência?
Os conflitos emocionais de uma gravidez são ainda mais intensos para uma adolescente, acredita o ginecologista José Maria Soares Júnior, pesquisador do laboratório de investigação médica de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP. Isso se mostra não apenas na parte psíquica, explica o especialista, mas também se reflete em partos prematuros, abortos espontâneos, hipertensão arterial etc. Nos casos de parto prematuro, a criança pode nascer com complicações, como baixo peso e menos resistência a infecções.
Professor titular de Ginecologia do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP, Edmund Bacarat, concorda com Andrade. ''Além dessas intercorrências, a hipertensão também pode ocorrer e trazer sérias complicações para a saúde da adolescente''.
Os problemas de uma gestação precoce, segundo Andrade, já começam quando a adolescente descobre que está esperando um bebê. ''A primeira coisa que ela tende a fazer é esconder a barriga da família pelo maior tempo possível. Depois, se a gestação for realmente indesejada, ela tentará um aborto clandestino, o que oferecerá ainda mais riscos''. Soares alerta: é necessário fazer pré-natal em toda a gestação. E este procedimento não combina com uma gravidez mantida em segredo.
Mais informações no site www.vivasuavida.com.br.
Lola Felix, da Agência Estado