A prevenção e a detecção precoce são os melhores caminhos para evitar os efeitos graves do câncer de próstata, como alerta a campanha do Novembro Azul, mês dedicado à conscientização sobre a doença. Apesar de tanta informação disponível, por que alguns homens ainda são resistentes a procurar ajuda médica? Especialistas alertam que – além do preconceito do exame - muitos ainda temem os efeitos do tratamento da doença, acreditando que podem ficar debilitados pela cirurgia.
A verdade é que o tratamento de câncer de próstata tem rápida recuperação e todos os possíveis efeitos colaterais são tratáveis de forma cada vez mais acessível no Brasil. "O câncer de próstata é uma doença muito frequente e pode ser curada, desde que diagnosticada precocemente. O homem não deve deixar de procurar seu urologista por medos infundados. As consequências do tratamento do câncer podem ser tratadas adequadamente, mas a evolução do tumor, sem tratamento, pode levá-lo a uma situação de impossibilidade de cura", alerta o urologista Luis Seabra Rios, do Hospital Israelita Albert Einstein.
O médico explica que a recuperação tem duas fases. Na primeira, que dura de sete a 14 dias, é mantida uma sonda uretral de proteção. "Retirada esta sonda, o paciente volta a urinar espontaneamente e fica em observação, para saber se está tudo bem", explica. Se não houver efeitos colaterais na cirurgia, o paciente volta a vida normal em quatro semanas.
Leia mais:
Comportamento de risco aumentou infecções sexualmente transmissíveis
Programas focados em abstinência sexual não são eficazes, diz SBP
Evento em Londrina discute vida sexual em relacionamentos longos
Você sabia que colesterol alto pode levar à impotência?
Sem efeitos
Os efeitos colaterais pós cirurgias estão cada vez menos frequentes, mas – quando acontecem – já contam com um aparato da medicina para resolvê-los. Uma parte dos pacientes pode apresentar disfunção erétil, que varia de acordo com a idade e comorbidades. Outra possível complicação é a incontinência urinária, mais rara. "Incontinências importantes que necessitem de tratamento cirúrgico ocorrem em cerca de 5 a 8% dos pacientes", explica.
Apesar de afetar muito a vida do paciente, a disfunção erétil pode ser resolvida de forma bem-sucedida. "Há várias formas de tratamento que incluem medicamentos orais, injeções e implante de próteses penianas. Essas alternativas são bastante eficazes e raramente o paciente deixa de recuperar a função sexual quando busca tratamento", afirma.
Já a incontinência urinária pode ocorrer de forma leve até um ano após a cirurgia. Depois deste período, o paciente deve procurar ajudar médica caso continue apresentando o problema, que tem solução. Nos casos leves e moderados, o tratamento é feito com slings – malhas cirúrgicas que funcionam como um suporte reforçando a sustentação da uretra - e injeções endoscópicas.
Nos casos graves, o tratamento recomendado é a colocada de uma prótese, chamada de esfíncter urinário artificial. A boa notícia é que, desde o começo do ano, brasileiros com incontinência urinária começam a receber autorização dos planos de saúde para colocar esta prótese, considerada o padrão ouro da medicina. Até então, para ter direito à cirurgia – única eficaz nos casos graves - era preciso recorrer à justiça.