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Sem preconceitos

Como falar de sexo na escola?

Sexo & Comportamento - Folha de Londrina
16 ago 2010 às 19:21

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- Reprodução
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Quando educadores se dispõem a estudar sobre a educação sexual, a fim de ensinar a respeito da sexualidade, vários questionamentos vêm à tona. Em alguns casos, até por conta desses questionamentos, muitos se esquivam do compromisso e do envolvimento com a educação sexual. O primeiro deles seria: falar sobre sexo com garotos e garotas não acabaria por incentivá-los à prática? Vários estudos, tanto no Brasil quanto no exterior, têm comprovado que adolescentes cuja escola realiza educação sexual desde cedo e de boa qualidade deixam para iniciar a vida sexual mais tarde, porque passam a compreender a seriedade e a importância do sexo na vida das pessoas.

É preciso ter a própria sexualidade bem resolvida para poder falar sobre sexo com os alunos? Esta é outra pergunta que os educadores comumente fazem, e, de maneira um tanto simplista, poder-se-ia dizer que ter a ''sexualidade bem resolvida'' seria não ter dificuldades e/ou problemas com o auto-erotismo e/ou durante a relação sexual. A resposta à indagação é: não, não é preciso.

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Contudo, é essencial que o educador tenha uma visão positiva do corpo, da relação sexual, da concepção, da diversidade sexual... Enfim, de tudo o que envolve a sexualidade. E ainda que ele consiga falar com naturalidade e serenidade sobre as várias questões relacionadas ao sexo e que esteja continuamente disposto a repensar seus valores, tabus e preconceitos, estando aberto a superá-los.

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Mais uma dúvida dos educadores: considerando que hoje em dia as crianças e os adolescentes parecem saber muito sobre sexo, será que é mesmo preciso ensinar a respeito? Isto não é verdade, de maneira alguma! Os adolescentes, principalmente, podem até ter muitas informações, as quais são passadas pelos amigos e/ou mídia. Contudo, muitas vezes, são informações incompletas ou distorcidas, e também acompanhadas de uma visão promíscua e obscena a respeito do sexo.


Então, é necessário e importante que haja espaço na escola para se falar sobre sexo, acompanhado de um trabalho de formação em valores, como por exemplo, o respeito ao outro e a si próprio, a responsabilidade e a igualdade. Mesmo que a informação recebida por meio da mídia e dos amigos fosse segura e completa, ainda assim seria imprescindível que a escola abordasse o tema, pois é preciso que os alunos tenham várias oportunidades para refletir, expressar seus sentimentos e dúvidas, debater, trocar idéias com colegas, a fim de formarem seus próprios valores, com liberdade e responsabilidade. Informação apenas não basta, é preciso educar.

Mary Neide Damico Figueiró, psicóloga, docente e doutora em educação, especialista em educação sexual pela Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana


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