A falta de controle sobre a ejaculação durante a relação sexual é um problema que atinge até 82% dos homens na faixa de idade de 20 anos. Apenas metade destes homens reconhecem isso como um problema real e que merece atenção. Mesmo assim, a maioria dos homens que não pode decidir quando quer ejacular no coito permanece à espera de algum evento ou parceira que o faça modificar esta condição.
Muitas vezes o homem procura saídas ruins, erradas ou até mesmo inválidas. Vejamos este exemplo que chegou por e-mail: ''Estou sofrendo de ejaculação precoce e estou fazendo tratamento com um urologista. Como a causa é ansiedade, meu urologista me passou um antidepressivo chamado Anafranil, que está dando resultado. Mas a minha pergunta é: aqui no Brasil existem várias marcas de preservativos com ação retardante. Gostaria de saber a sua opinião sobre essa camisinha. Ela realmente funciona e consegue retardar a ejaculação?''
O problema de falta de controle sobre a ejaculação é comportamental. O tratamento com antidepressivo (que não é ansiolítico, ou seja, não age contra ansiedade) não deve surtir efeito a longo prazo, como demonstram pesquisas clínicas. Além disso, a maioria dos homens aumenta o tempo pré-ejaculatório de 30 segundos para dois a três minutos com este medicamento. E a maioria das mulheres precisará de 10 a 15 minutos de penetração para obter orgasmos.
O uso de anestésicos (''retardantes'') não é aconselhável nem útil para solucionar o problema. A prática pode ainda trazer alguns problemas secundários: aumentar a dificuldade da mulher em atingir o orgasmo (ela também será anestesiada pela substância), e até mesmo dificultar a ereção masculina. Enfim, o que acontecerá com a sensação boa que o sexo deveria proporcionar ao casal?
O que este homem precisa é passar por uma modificação da atitude geral que ele tem diante do sexo e compreender como sua ansiedade funciona. Tendo feito isso, é mais fácil que seu desempenho sexual ocorra da maneira que ele deseja. A ansiedade é só uma parte - ainda será necessário modificar pensamentos e o próprio comportamento masculino.
Se o indivíduo deseja desenvolver um controle sobre a ejaculação é aconselhável que não hesite em procurar um psicólogo especializado em sexualidade e inicie uma terapia. Por meio do autoconhecimento e da compreensão de seu funcionamento psicofisiológico, conseguirá desenvolver um comportamento satisfatório de controle sobre a ejaculação.
Oswaldo Rodrigues Jr., psicoterapeuta sexual (São Paulo)