Certo dia, uma paciente, uma climatérica saudável, fez questão de me contar a fantástica viagem feita ao litoral com seu marido. A intensidade e a frequência da vivência sexual deste casal de ''meia idade'' deixariam muitos adolescentes com inveja. A própria nora, em plena juventude, não tinha experimentado nem a metade de todo este fogo da paixão. Seria, então, a meia-idade o ''Everest'' sexual? Talvez sim, talvez não.
Outra simpática paciente, de 86 anos, senhorinha, toda vaidosa, mas infelizmente viúva, masturba-se todos os dias.
Outro casal, ela de 82 anos e ele de 83 anos, tem relação todas as semanas (duas a três vezes) com certo controle, pois ultimamente a relação ''incomoda um pouquinho''.
Não há dúvidas de que os hormônios femininos e masculinos vão esquentando em ''banho-maria'' no final da infância e entram em violenta ebulição na puberdade, formando uma sopa hormonal, engrossada pelos feromônios (sinais enviados pelo outro) e temperada pela grande curiosidade que marca esta metamorfose pré-reprodutiva.
Todas estas alterações fisiológicas marcam um período de alto desejo, possibilitando uma atlética e intensa atividade sexual anacrônica em geral, mas não plena de prazer (há exceções) devido à própria superficialidade e falta de intimidade próprias da idade. Seria a adolescência o ápice da sexualidade? Talvez não.
Uma coisa é certa, o sexo alcança a sua plenitude quando há uma perfeita sintonia entre os parceiros: corpo, alma e espírito se entregam, formando almas gêmeas envolvidas e embevecidas pelo prazer.
Não há idade para exercer a intimidade, mas ''os jovens apenas molharam os pés no oceano do amor. As longas travessias, as poderosas braçadas só foram dadas pelos que atingiram o colorido róseo do crepúsculo da vida''.
Calvino Coutinho Fernandes, ginecologista e terapeuta sexual