Ainda que a vacina tríplice viral, que imuniza crianças contra sarampo, rubéola e caxumba, faça parte do calendário de vacinação do governo federal há muitos anos, ninguém está livre dos surtos dessas doenças – principalmente quem não tomou todas as doses indicadas. Ultimamente, novos casos de sarampo foram registrados – doença que se imaginava erradicada do país há um bom tempo – e as outras duas continuam preocupando as autoridades em casos de surtos – com destaque para a caxumba. Popularmente conhecida como uma doença infantil, a caxumba vem acometendo mais adultos e preocupando pela possibilidade de causar infertilidade.
De acordo com Edson Borges, especialista em Reprodução Humana e diretor científico do Fertility – Centro de Fertilização Assistida, caxumba é uma doença infecciosa transmitida por gotículas de saliva, tosses e espirros da pessoa infectada. Age mais sobre as glândulas parótidas, provocando inchaço atrás das orelhas, mas pode acometer os testículos. "Metade dos jovens adultos que apresentam orquite (inflamação dos testículos) se torna irreversivelmente infértil. Sendo assim, a melhor forma de prevenir a doença é tomar todas as vacinas necessárias na infância".
Nada impede que a caxumba "desça" para os testículos, mesmo que o paciente permaneça em repouso enquanto apresentar dor e febre. Por isso, cerca de seis meses depois de curado, é importante procurar um médico para fazer os exames que conferem a taxa de produção de espermatozóides. "Dependendo do resultado, ele poderá gerar filhos naturalmente. Já se houver redução no número ou na qualidade dos espermas, deverá contar com a eficiência das técnicas de reprodução assistida", diz Borges.
O papel das infecções na fertilidade
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Além da orquite, que pode interromper a produção de esperma, outras infecções chegam a comprometer a fertilidade masculina. "Infecções no aparelho reprodutivo, causadas por doenças sexualmente transmissíveis, como uma gonorreia não tratada, por exemplo, e infecções na próstata, podem obstruir partes do trato genital masculino e desempenhar importante papel na infertilidade do homem", afirma Edson Borges.
Embora as infecções sejam geralmente temporárias, de acordo com a gravidade dos danos provocados ao paciente a infertilidade será irreversível. "Os testículos contribuem apenas em parte para a ejaculação. Uma eventual obstrução não muda, portanto, a quantidade de fluido ejaculado, mas nenhum esperma será encontrado na ejaculação. No caso da infecção na próstata, há redução no volume da ejaculação e aumento de espermatozoides defeituosos", diz o especialista.
De acordo com o médico, há tratamentos disponíveis para desobstruir a passagem do esperma. Em determinados casos, entretanto, a cirurgia é o melhor recurso para restabelecer a fertilidade do paciente, como nos casos de cistos na próstata. Assim que o cisto é removido, a obstrução ao transporte do esperma tem fim e o paciente pode contribuir naturalmente para uma gestação.
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