Não duvidaria que o consumo de vassouras pelo público masculino venha a sofrer um substancial aumento após os dados a seguir. Uma pesquisa realizada com 6.877 casais nos Estados Unidos concluiu que mulheres e homens que cuidam da casa fazem mais sexo do que aqueles avessos às tarefas domésticas. A quantidade de horas dedicadas a lavar pratos e esfregar o piso, entre outras demandas do gênero, é proporcional à frequência das relações sexuais.
Milhares de anos se passaram e, com eles, a transformação de vários costumes sociais. No meio disso, porém, as necessidades básicas de afeto e companheirismo seguem as mesmas.
No tempo em que o vocabulário limitava-se aos meros ''ugas-bugas'' e a maior manifestação romântica era puxão de cabelo, homem e mulher exerciam papéis bem específicos. Ele caçava, construía um lar seguro e protegia a família. Ela educava a prole, colhia frutos e raízes e dedicava-se aos cuidados diários para tornar o ''ninho'' um local agradável.
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Era uma relação de complementaridade. Um tipo de comportamento que estimula o casal a se valorizar pela identificação de como um é importante para o outro, gerando admiração e estreitamento de laços emocionais.
Atualmente essas diferenças de tarefas são vistas de maneira pejorativa. Ninguém quer lavar a roupa, limpar o chão ou trocar fraldas. Bonito é terceirizar o serviço e posar de ''humano moderno'', aquele que trabalha com ''assuntos maiores''.
Crescer financeiramente é o plano principal. Os modos do ''humano moderno'' seguem uma hierarquia que despreza os afazeres que identificam os gêneros desde o início da existência.
A divisão de tarefas é imprescindível para que o casal seja complementar. Quando cada um faz sua função, o outro percebe, gosta e sente-se estimulado.
A garantia de um bom trabalho de equipe entre homem e mulher, evidentemente, não se limita à divisão dos baldes e esponjas. Há outros truques que podem ajudar nas engrenagens desta parceria.
Uma delas é a disposição masculina de simplesmente ouvir. Quando uma mulher conta seu dia, seus problemas e angústias, na maior parte das vezes ela não espera receber uma solução mágica. Quer apenas desabafar ou ter um ombro para chorar. Fugir das queixas da mulher é um desserviço e acaba servindo só para que ela se sinta desvalorizada.
Carinhos são bem-vindos a qualquer momento do dia. Mulheres percebem quando os homens só se aproximam com beijos e carícias com sexo em mente. Isso ocorre por que o macho só enxerga a fêmea quando está excitado? Não necessariamente. Acontece mais pelo excesso de objetividade.
Quando estão focados em alguma tarefa, homens geralmente não observam o restante do cenário à sua volta. Portanto, acionar atenção extra não é má ideia. Assim como a amizade com o fogão. Mesmo sem grandes talentos culinários e com ingredientes à base de enlatados, prepare um jantar.
A iniciativa encanta qualquer mulher que, em geral, valoriza mais a intenção e a apresentação do prato - não esqueça as velas.
Para as mulheres, não custa lembrar que parte da solução contra o egoísmo masculino - reclamado há tantos séculos - está no seu posicionamento. É missão delas mostrar com clareza o que as seduz e o que as desestimula. Com carinho e honestidade sempre. Afinal, o comportamento feminista é um revanchismo ao machismo.
Mais construtivo é fazer um brinde ao amor, com direito à lavagem das taças juntos depois.
João Luis Azevedo Borzino - médico clínico e terapeuta sexual (São Paulo)