Essas brincadeiras, tão comuns no decorrer da infância, são de fundamental importância no que se refere ao desenvolvimento infantil. Nesta fase, a criança experimenta o mundo por meio de seu corpo. As sensações nele provocadas a partir do ambiente externo, dos cuidados maternos, isso tudo permite que a criança possa perceber-se enquanto indivíduo. É a partir desta percepção que o corpo do outro passa a ser alvo da curiosidade infantil e é justamente isso que possibilita a descoberta de diferenças e semelhanças.
As brincadeiras que têm como pano de fundo a sexualidade têm este processo como base. Elas possibilitam que a criança reconheça a si mesma e ao outro, inclusive no que se refere às diferenças sexuais. Este tema é encarado, normalmente, com certa ressalva pelos pais. No entanto, apesar do embaraço que este tipo de brincadeira possa causar, elas são naturais e fazem parte do universo infantil.
Além das brincadeiras de médico, outras brincadeiras como de casinha, escolinha, permitem que a criança identifique os papéis sociais e os reproduza, numa tentativa de apreensão do que está presente em seu cotidiano. Esses jogos trazem a possibilidade da criança localizar-se individualmente e socialmente. Eles satisfazem a curiosidade e permitem que a criança possa dar um passo à frente em seu desenvolvimento, com base no que pôde ser vivido.
Assim, ao pensarmos nessas brincadeiras enquanto formas de localização do indivíduo frente a novas situações que lhe são apresentadas, poderemos compreender que a experimentação é revivida num outro contexto, na adolescência.
Mitos e Verdades
- Mito: a ''brincadeira de médico'' provoca sérios problemas no desenvolvimento do indivíduo
- Verdade: as brincadeiras que envolvem a sexualidade são parte do desenvolvimento individual, são naturais e devem ser respeitadas. Entretanto, não se pode esquecer da função dos pais perante a educação de seus filhos
Paula Einstoss, psicóloga