Menarca é o nome dado ao primeiro ciclo menstrual da mulher e marca o início da puberdade. A idade média para ocorrer a menarca na população em geral é de 12,6 anos, com o desenvolvimento dos seios e pêlos pubianos, que se manifestam com dois anos de antecedência à primeira menstruação.
O treinamento físico intenso, a restrição de ingestão calórica e o início precoce no esporte desencadeiam um déficit energético crônico, que predispõe à menarca tardia.
Ter um gasto maior de energia que a ingestão calórica diária provoca alterações neuroendócrinas e na taxa metabólica basal, que suprimem a função reprodutiva. Estudos têm mostrado que o percentual mínimo de gordura corporal necessária para desencadear a menarca é de 17%. Atletas que apresentaram menarca tardia tinham índice de gordura corporal abaixo deste percentual.
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Apesar da prática regular de exercícios estar relacionada à diminuição do estresse e do nível de ansiedade, no caso de atletas isso pode funcionar de maneira contrária, pois a necessidade de se manter com um baixo peso corporal para a obtenção de bons resultados nas competições pode levar a um alto nível de estresse, tendo como resultado o atraso da menarca.
As mulheres com treinamento físico intenso que apresentam o atraso na menarca costumam manter os mesmos hábitos de vida, visando o aumento da performance, o que desencadeia o estado de hipoestrogenismo, que é associado à ocorrência posterior de anormalidades na menstruação e também à presença de uma densidade óssea abaixo do parâmetro normal, denominada osteopenia.
Mesmo com a regularização do ciclo menstrual por meio de tratamento médico, a perda óssea é irreversível e pode levar a lesões ósseas como fraturas por estresse a curto e a longo prazo. Sabe-se que essas mulheres ficam expostas a um maior risco de osteoporose.
O treinamento físico intenso em mulheres faz com que possam apresentar dificuldades para engravidar e, diante deste problema, devem procurar um médico especialista para o diagnóstico e o devido tratamento.
É importante a conscientização das mulheres e dos técnicos a respeito desses problemas para realizarem um planejamento de treinamentos adaptados ao nível de cada mulher, com orientação e acompanhamento nutricional rigoroso. Já as mulheres que apresentam atraso na menarca, ou que já estão há três meses sem menstruar, devem procurar auxílio médico para um tratamento específico.
O trabalho conjunto entre o técnico, o nutricionista, o fisioterapeuta, o médico e, principalmente, os cuidados da própria mulher são essenciais à manutenção da saúde reprodutiva.
Mitos e Verdades
- Mito: o treinamento físico intenso não causa malefícios à saúde da mulher
- Verdade: problemas de infertilidade feminina causados pela atividade física intensa têm tratamento
Patrícia C. Henriques Gomes, ginecologista