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Até quando vai o 'culto ao corpo perfeito'?

Sexo&Comportamento-Folha de Londrina
31 dez 1969 às 21:33

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"Não podemos ser eternos, nem pueris (jovens) para sempre", critica especialista. - Reprodução
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No mundo de hoje culotes, coxas grossas, sensação de barriguinha, peitos pequenos viraram sinais de melancolia, desconforto, decepção. Parecem problemas eternos para uma vida que só existe enquanto este corpo durar. Por isso essa busca incessante em atenuar a dor, normalmente psíquica, através de cirurgias plásticas, endermologia, mesoterapias, fornos para bronzeamento, artifícios para o cabelo, ''cremes mil'' para retardar o envelhecimento.

A Barbie seria uma boneca mimada, fora da realidade, que voa como a bailarina, leve como a pluma, beirando a estratosfera, no céu. Mas ela tem que voltar à terra e tomar cuidado com a fragilidade do seu corpo, para não fraturar seus ossos, pois estes se tornaram osteoporóticos e sua musculatura esvaecida pela anorexia.

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Tomara que estas mulheres ''caiam por terra'' sim, mas ''caindo na real'', que elas se programem para evitar danos maiores para si mesmas, evitando assim a chegada ao tão famigerado ''fundo do poço''.

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Com esse seu ''nada'' de gordura, depósito vital para o corpo como reserva e proteção essencial para a fertilidade, as ''Barbies'' andam por aí a contaminar a mídia, mesmo que este ''estar em forma'' cause um grande sofrimento psíquico e a lesão dos seus corpos.

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É necessário rever a própria vida, pois o sofrer com a morte cotidiana das nossas células e a mudança progressiva dos nossos corpos, durante toda a nossa vida, é natural, real e essencial. Não podemos ser eternos, nem pueris (jovens) para sempre.


Temos que nos adaptar às gordurinhas normais que aumentam com o passar dos anos e darmos menos espaço a este ''sofrimento Barbie'', que muitas vezes nos escraviza em tratamentos lesivos e nos leva à ''melancolia'', tão comum nos dias de hoje.

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Nosso corpo não é eterno e somos contaminados a cada minuto pela sociedade, em ''evolução rápida'' e consumista, a nos atualizar e nos transformar, inclusive corporeamente. Isto nos causa uma constante insatisfação que devemos perceber e aprender a lidar, e não só internalizar como uma carga negativa.


''Esbelteza e beleza'' não significam necessariamente saúde. Temos que assumir nossas imperfeições e finitude sem nos descuidarmos dos nossos corpos. Podemos ter uma estética que nos seja agradável, porém saudável.

José O. Cervantes Loli - Médico Endocrinologista e Metabologista (Apucarana).


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