O desejo de encontrar a alma gêmea é totalmente narcísico. O que há, neste caso, é o desejo de encontrar alguém que seja como nós, que faça o que achamos certo, que corresponda aos nossos ideais.
E isso não é amar o outro, e sim amar as próprias projeções no outro. É amor condicional, fadado a levar duas pessoas que se unem a serem infelizes.
Na mitologia grega, há uma história que diz o seguinte: nos primórdios dos tempos, o ser humano era andrógino, redondo por ser completo, muito forte e poderoso. Isso causava muita inveja aos deuses. Sendo assim, estes pegaram suas espadas e dividiram o ser humano ao meio. Assim surgiu o homem e a mulher - dois seres fracos, incompletos, que passam a vida procurando sua outra parte em busca de completude.
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E esta busca é em vão, pois não é possível a completude. Pessoas capazes de amar sabem disso. Não buscam a completude, e sim o outro como este se apresenta.
As afinidades, a amizade, o companheirismo, o respeito à individualidade do outro e até as diferenças contribuem para a relação, favorecendo o crescimento de ambos e trazendo bons momentos no cotidiano.
Não devemos esperar muito do outro, pois as expectativas estão ligadas aos nossos sonhos de amor perfeito e nos levarão à frustração. É preciso aprender a conviver com a incompletude, e com o nosso par como ele se apresenta.
Mitos e Verdades
- Mito: existe alma gêmea
- Verdade: procurar uma alma gêmea é procurar a si mesmo no outro. É uma busca narcísica e que leva à infelicidade
Denise Hernandes Tinoco, doutora em Psicologia Clínica, docente de ensino superior e psicoterapeuta