A Aids é uma doença que assusta e que já vitimou milhões de pessoas em todo o mundo. O Brasil é considerado referência quando se fala na prevenção à doença. E isto é muito bom.
Em todo o mundo, uma mudança de comportamento está colocado as autoridades de saúde em estado de alerta. Nos EUA, por exemplo, nos primeiros anos após a identificação da doença, ela era encontrada predominantemente entre gays brancos, que foram considerados durante muito tempo o principal grupo de risco. De lá para cá, a doença se espalhou. Como ficou comprovado, a Aids não escolhe cor da pele, partido político, religião ou raça.
Os números da Aids na população norte-americana estão estabilizados. No entanto, percebem-se pelas estatísticas que os negros se transformam nas principais vítimas da doença naquele país. Hoje os negros correspondem a 13% da população, porém, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA estima que eles representarão 50% dos novos casos de HIV no país nos próximos anos. Os brancos respondem por 34% dos portadores e os hispânicos, 17%.
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Alguns estudos mostram que muitos dos negros infectados, mesmo sabendo de todos os riscos, evitam procurar ajuda especializada com medo de serem estigmatizados, de serem segregados. Entre os principais medos estão a perda do emprego e dos amigos.
Por causa disso as campanhas para combater a Aids nos EUA estão mudando o foco. Elas não estão apenas ensinando formas de prevenção, como o uso da camisinha e o risco de compartilhar seringas. O objetivo é mostrar que pessoas infectadas podem e devem procurar ajuda e tratamento para garantir a qualidade de vida não só para o paciente, mas a família também.
Com medo das consequências que podem ocorrer ao assumir que são portadores do HIV, muitos optam pelo silêncio. Outros escondem da família e podem acabar transmitindo o vírus para esposas ou maridos. O silêncio não é o melhor caminho; é preciso buscar ajuda. As campanhas, também no Brasil, devem começar a discutir isso.
MITOS E VERDADES
Segundo estudos, não há evidências de transmissão do HIV pelo beijo.
Fumar o mesmo cigarro de uma pessoa com o vírus ou tomar água no mesmo copo, não oferecem riscos.
Márcio D. Menezes, médico e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Sexual