Poucas descobertas farmacológicas tiveram impacto tão grande na sociedade como os anticoncepcionais orais, pois permitiram às mulheres escolher o melhor momento para ter filhos e, com isso, terem condições de disputar com os homens o mercado de trabalho. Muitos consideram o fato como uma ''revolução silenciosa''. Nenhuma outra droga foi usada por tantas pessoas, por tanto tempo. As razões do sucesso são várias, mas obviamente passam pela grande liberdade sexual que pôde ser vivida.
A pílula é constituída de estrogênio e de progestogênio. Um único comprimido das primeiras pílulas continha a dose de estrogênio que contém uma cartela inteira dos anticoncepcionais modernos. Houve evoluções também quanto ao progestogênio utilizado. Novos medicamentos provocam menos dor de cabeça, inchaço, espinhas na pele, sangramentos irregulares e aumento de peso.
Novas vias de administração surgiram, como anéis vaginais, implantes subdérmicos, adesivos de pele e a via intra-uterina. A vantagem dessas vias é que os produtos têm ação mais duradoura, facilitando o seu uso, pois não é necessário ingerir um comprimido todos os dias; não há risco de a mulher esquecer de tomar a pílula e favorecer uma gravidez indesejada.
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O adesivo contraceptivo transdérmico é uma opção. O adesivo libera diariamente, na circulação sistêmica, 150 ug de norelgestromina, um progestogênio moderno, e 20 ug de etinilestradiol (EE), dose que equivale a uma pílula de baixa dosagem. A usuária o troca apenas uma vez por semana.
Em estudos controlados o adesivo demonstrou eficácia semelhante à da pílula no controle do ciclo menstrual e prevenção de gestações. O esquema de dosagem mais prático, aliado ao fato de não necessitar ser administrado por um profissional de saúde e ser facilmente reversível mostram que o uso perfeito do adesivo semanal foi maior que o da pílula oral diária.
Em estudo divulgado em maio, que acompanhou 494 mulheres em dez centros no Brasil, o índice de satisfação com o adesivo contraceptivo chegou a 95,3%. Uma melhora significativa dos sintomas pré-menstruais foi observada. Além disso, de forma inédita na literatura médica, verificou-se melhora significativa dos níveis de colesterol, triglicerídeos e hemoglobina das usuárias.
Rui Ferriani, ginecologista