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Transição

Aceitação não deve ser confundida com passividade

Saúde - Folha de Londrina
10 jun 2011 às 15:47

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- Reprodução
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Aceitação e mudança
Aceitação é o reconhecimento, a constatação de uma situação. Tem a conexão direta com nosso poder pessoal, que significa ter nas mãos as rédeas da própria vida. É saber para onde quero ir. É ter autoestima elevada. É estar harmonizado e em equilíbrio. É sair do papel de vítima. É reconhecer e aceitar as coisas como elas são. E decidir e agir em cima disto.

A frase ''é aceitar as coisas como elas são'' traz invariavelmente bastante mal-estar entre as pessoas, pois a aceitação geralmente é confundida com passividade, conformismo, paralisia, permissividade. Na realidade aceitação não tem nada a ver com isso.

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Logo após o ''aceitar as coisas como elas são'' vem o ''decidir e agir em cima disto''. Aceitação é diferente do julgamento, que nos diz se alguma situação, coisa ou pessoa é boa ou má. Aceitação é uma simples constatação, que leva ao próximo passo, que é decisivo: ele pode nos levar à ação ou à paralisia.

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Para nos ajudar a entender isso melhor vou usar uma metáfora que li outro dia. Imagine um trapézio de circo. Uma hora estou balançando continuamente e em outras, por alguns momentos, estou no ar, entre as barras de trapézio. A maior parte do tempo eu passei a minha vida pendurado no trapézio. Ele me levava até certo ponto do balanço e eu tinha o sentimento de que tinha o controle de minha vida. E de vez em quando, balançando, olho para minha frente e vejo outra barra de trapézio balançando em minha direção. Ela está vazia e eu sei que esta nova barra de trapézio tem o meu nome nela. É o meu próximo passo, meu crescimento, meu objetivo vindo para me pegar. Eu sei que para crescer eu tenho que me soltar da minha tão bem conhecida barra do presente e me mover para nova. Cada vez que isto me acontece, eu sei que devo me soltar totalmente da antiga barra e, em algum momento no tempo, eu devo me jogar no espaço, antes de me agarrar à nova barra. Toda vez eu estou cheio de medo de perder e cair em um abismo sem fundo entre as barras.


Talvez essa seja a essência da fé. Sem garantias, sem rede você o faz ainda assim porque de alguma forma, ficar se balançando naquela barra antiga não está mais em sua lista de alternativas. Então por uma eternidade, que pode durar um segundo ou mil, eu vôo alto pelo vazio escuro do passado. Isto é chamado de transição. Transformar nossa necessidade de agarrar a nova barra é permitir a nós mesmos residir no único lugar onde a mudança realmente acontece. Pode ser assustador. Mas precipitando-se pelo espaço nós talvez aprendamos como voar.

Margareth Alves - psicóloga e terapeuta familiar (Londrina)


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