Conta uma lenda da mitologia hebraica que Lilith livre, irresistivelmente bela e cheia de luxúria, a primeira mulher de Adão, foi expulsa do paraíso porque no primeiro ato sexual exigiu o direito ao prazer sexual, ao orgasmo, além de não aceitar ser passiva durante as relações sexuais.
Durante séculos, para a mulher o sexo foi visto só como forma de reprodução, visto que o prazer feminino era extremamente reprimido.
Para a mulher, o orgasmo não era levado em conta, pois era classificado como patológico e tratado clinicamente. Caso manifestasse prazer, era rotulada de depravada. Assim, a mulher não comandava seu próprio prazer. Era inadmissível a idéia de a mulher ter prazer sexual.
No passado, falar de orgasmo e prazer sexual era tabu na conversação convencional; o recato protegia a falta de opinião. Mas hoje, quando o assunto é sexo, cada uma se sente intimada a pelo menos estar familiarizada com o tema. Atualmente se fala de forma tranquila sobre desejo, excitação e orgasmo. A mulher moderna não espera mais, passivamente, o prazer. Parte em busca dele com criatividade.
A mulher de hoje é mais feliz sexualmente, pois considera o prazer sexual como um elemento importantíssimo numa relação. Algumas até praticam a ginástica sexual (pompoarismo).
Portanto, houve realmente uma mudança de hábitos e costumes vinculados à sexualidade, ou seja, de uma repressão intensa em outros séculos à incorporação da vida sexual como um dos aspectos essenciais da vida da mulher.
Marilandes R. Braga, psicóloga e terapeuta sexual, membro da Sociedade Brasileira de Estudos da Sexualidade Humana (Presidente Prudente-SP)