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A Aids mora pertinho de todos nós

Sexo&Comportamento-Folha de Londrina
26 nov 2009 às 19:26

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- Reprodução
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A Organização Mundial de Saúde aponta que o número de novos casos de Aids está diminuindo, mas o custo individual e social da doença só aumenta. Mais de 20 anos depois da descoberta da doença, as pessoas continuam acreditando que a Aids mora longe, fingindo que ela não existe. De forma irracional e suicida, vivemos a fase da negação.

As características da Aids ajudam a sustentar a mentira. No seu estágio latente ela não tem sintomas e quando a doença se apresenta, aparece mascarada na forma de outras doenças mais comuns. E mesmo quando chega ao desfecho, o doente continua invisível. Acaba morrendo sozinho, cercado de silêncio e com medo de, em seu derradeiro momento, entregar-se ao julgamento dos outros.

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E nessa cegueira acabamos fazendo de nossos jovens e crianças cordeiros em sacrifício. Nunca a Aids se apoderou de tantas vidas jovens quanto agora. Ela se aproveita de que, nesta fase, o ser humano é destemido e inconsequente. Aproveita-se de que ter acesso às informações não significa ter consciência do risco.

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Uma pesquisa com alunos entre 13 e 17 anos em escolas de São Paulo mostrou que a maioria dos jovens nesta faixa etária não conversa com os pais sobre sexo. Mas pelo menos 23% confirmam que já tiveram relações sexuais; a maioria com mais de um parceiro. E embora cerca de 70% dos jovens tenham informações sobre a Aids e como evitá-la, e 44% falem sobre o medo de contrair uma doença, pelo menos 28% dos jovens abandonam o uso da camisinha quando consideram a relação ''estável''.

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Por motivos diferentes, essa situação se repete entre as pessoas da terceira idade. Para se ter uma idéia da gravidade da situação, entre 1993 e 2003 houve um aumento nos casos confirmados de 130% entre os homens e de 396% entre as mulheres com mais de 50 anos.


As pessoas da terceira idade também têm dificuldades para aceitar o uso do preservativo. O preconceito cultural - fazem parte de uma geração em que o sexo era tabu e a camisinha era vista como sinal de promiscuidade - aliado ao aumento da expectativa de vida, das oportunidades sociais e dos medicamentos para disfunção erétil, tornou o grupo um campo fértil para a Aids.

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Diferente da mulher, o homem conta com o apoio de medicamentos para continuar ativo. Isto faz com que ele, por prazer ou ilusão de continuar jovem, acabe buscando outras companhias, correndo o risco de contaminar a si e à parceira.


Nos dois casos, o grande problema está em não querer enxergar a verdade. A terceira idade conquistou o direito de passear, dançar, viajar e namorar. Sim, o vovô e a vovó fazem sexo. E sim, nossos filhos estão começando a fazer sexo cada vez mais cedo. O único recurso que temos para salvá-los é conversar abertamente e educá-los dentro de casa. Afinal, a Aids pode não ter cara, mas mora pertinho de todos nós.

Márcio D. Menezes, médico e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Sexual


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