A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo afirma que será difícil garantir que viajantes sem vacina contra a Covid-19 fiquem de fato em quarentena, conforme regra publicada nesta quinta-feira (9) no Diário Oficial da União.
A capital paulista, ainda assim, pretende monitorar essas pessoas para evitar que circulem pela cidade.
A quarentena de cinco dias para quem chegar ao Brasil e não apresentar comprovante de vacinação começa a valer neste sábado (11). A medida foi defendida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e enfrentou resistência do presidente Jair Bolsonaro (PL).
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A informação do monitoramento foi dada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) e pelo titular da pasta da Saúde, Edson Aparecido, durante entrevista nesta quinta após a inauguração de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na avenida Vergueiro, na região central da capital.
Em São Paulo, segundo Aparecido, não haverá um local específico para quarentena de quem tiver a capital paulista como destino final. Quem chegar do exterior sem vacina poderá ficar na casa de pacientes ou em hotéis. "Mas vamos diariamente aos locais escolhidos por estas pessoas para ficarem isoladas", disse.
O secretário disse que não será possível evitar que esses viajantes sem vacina andem pela cidade, mas as equipes da secretaria vão orientá-los a respeitar o isolamento de cinco dias determinado pelo governo federal.
"O ideal seriam 14 dias [de isolamento], mas com cinco dias será preciso fazer um teste PCR para que seja liberado da quarentena", afirmou o secretário.
Segundo Aparecido, a prefeitura vai usar a experiência das barreiras sanitárias adotadas na cidade durante o surgimento da variante delta, quando pessoas com sintomas de Covid-19 foram orientadas e monitoradas.
Por enquanto, a prefeitura descarta implantar novamente as barreiras sanitárias em terminais rodoviários e no aeroporto de Congonhas, na zona sul por causa da variante ômicron. A medida foi adotada de maio a outubro. Nestes cinco meses, equipes da Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde) abordaram 801.106 pessoas em três rodoviárias e no aeroporto.
O prefeito lembrou do casal de missionários identificado na semana passada com a ômicron para dizer que a cidade pode monitorar quem chegar sem passaporte de vacina. "Temos uma estrutura muito forte na cidade. No mesmo dia da identificação, a equipe da secretaria estava na casa dos parentes onde eles se hospedaram, acompanhando e testando as pessoas que estavam ao redor", disse.
De acordo com Aparecido, o casal foi novamente testado nesta quarta-feira (8) e não está mais com a doença. "Eles já podem voltar para a África, onde os dois são missionários, se quiserem", disse.
O homem de 41 anos e a mulher de 37 ficaram na casa de pacientes na capital paulista. Todos os moradores do imóvel não tiveram Covid-19, segundo apontaram testes, e fizeram acompanhamento.
Nunes elogiou a medida do governo Jair Bolsonaro, após pressão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o controle de quem chega ao país por causa do surgimento da variante ômicron do novo coronavírus. "É importante essa decisão do governo federal, que estava reticente em reconhecer o passaporte de vacina", afirmou.
Portaria A partir do próximo sábado (11), entram em vigor novas regras para o ingresso de viajantes no Brasil. Quem chegar em voos internacionais e não estiver imunizado contra a Covid-19 terá de apresentar o teste da doença, realizado até 72 horas antes do embarque, e cumprir quarentena de cinco dias. Na fronteira terrestre, será exigido comprovante de vacinação ou teste negativo.
As normas constam de portaria publicada nesta quinta-feira (9) no Diário Oficial da União, assinada pelos ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Marcelo Queiroga (Saúde), Anderson Torres (Justiça) e Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura).
A existência da ômicron foi reportada à Organização Mundial da Saúde (OMS) no último dia 24 após o surgimento de casos na África do Sul. Desde então, houve a confirmação de infecções provocadas pela ômicron nos cinco continentes.
"Dadas as mutações que poderiam conferir a capacidade de escapar de uma resposta imune, e dar-lhe uma vantagem em termos de transmissibilidade, a probabilidade de que a ômicron se propague pelo mundo é elevada", afirmou a entidade no último dia 29.
No mesmo dia, ministros da Saúde de países do G7 alertaram que a variante requer ação urgente. "A comunidade internacional enfrenta a ameaça de uma nova variante altamente transmissível da Covid-19, que requer ação urgente", disseram os ministros em um comunicado conjunto.