O consumo excessivo de bebidas alcoólicas está associado a mais de 200 problemas de saúde, como câncer, tuberculose, doenças hepáticas e cardiovasculares. Além disso, contribui para mais de 300 mil mortes por ano nas Américas, segundo a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde).
Carlos Alberto, médico de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) 24h em Santos (SP), explica que por trás da expansão e euforia que essas bebidas podem proporcionar, há um caminho longo que o álcool percorre no organismo.
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“Quando absorvido pelo estômago, o álcool circula por outros órgãos por meio da corrente sanguínea, afetando o cérebro e todo o sistema nervoso central, o que causa a diminuição dos reflexos e alterações de humor a curto prazo”, destaca o especialista.
Além da ressaca e outros sintomas relacionados, a frequente ingestão em excesso do álcool irrita as mucosas do estômago, causando alteração nas enzimas do fígado, irritando-o também. Por isso, quem bebe exageradamente está sujeito a desenvolver algumas complicações, como:
Cirrose: doença crônica no fígado decorrente de lesões e processos inflamatórios persistentes causadas pela bebida;
Gastrite: inflamação nas paredes do estômago causadas pela irritação das mucosas do órgão;
Hepatite alcoólica: é a inflamação do fígado ocasionada pela concentração de substâncias tóxicas da bebida que prejudicam o funcionamento do fígado com o passar do tempo;
Pressão alta e doenças cardíacas: o consumo excessivo do álcool prejudica o controle da pressão arterial, podendo levar à hipertensão, insuficiência cardíaca e AVC (acidente vascular cerebral).
Além disso, o uso excessivo da bebida alcoólica pode trazer desequilíbrio mental e corporal, como impulsividade, agressividade, intoxicação e problemas circulatórios. “O álcool em excesso também pode provocar a baixa do sistema imunológico, deixando a pessoa que for contaminada mais suscetível a diversas doenças, como por exemplo, a Covid-19”, exemplifica o médico.
Outra questão importante é a relação do alcoolismo e algumas doenças psiquiátricas. “Estudos demonstram que pessoas com essas comorbidades apresentam, por exemplo, maiores taxas de suicídio e recaídas. São casos que demandam uma avaliação minuciosa, já que os efeitos do álcool interferem no diagnóstico”, enfatiza Carlos Alberto.
Como identificar o vício
O álcool é usado com frequência para socialização e, por alguns, para lidar com emoções difíceis. De acordo com o Ministério da Saúde, à medida que as taxas de ansiedade, medo e depressão se tornaram mais comuns durante a pandemia, o consumo de álcool também aumentou.
"O vício pode ser identificado quando há o exagero, ou seja, a transformação do ato de beber em uma compulsão, que passa a ser um ponto central da rotina do indivíduo. O alcoólatra enfrenta doenças graves e problemas de convivência que afetam sua vida familiar, relações sociais e atividades profissionais", alerta o médico.