Não há evidência científica “sólida” que garanta a segurança e a eficácia da utilização da ozonioterapia no tratamento de doenças oculares. O alerta é do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), que destaca: “a adoção dessa abordagem como terapia médica (principal ou complementar) é desaconselhada”, por meio de nota.
A manifestação ocorre depois da recente sanção da Lei 14.648/23, que permite a profissionais de saúde prescrever a terapia de maneira complementar. Para a entidade, a análise de inúmeros trabalhos demostra que, até o momento, a ozonioterapia não tem eficácia comprovada na abordagem de doenças crônicas ou reversíveis e oferece riscos ao paciente.
“O CBO entende que o uso amplo dessa abordagem pode potencializar problemas de saúde”, frisa a nota. Na avaliação do conselho, os médicos podem usar a ozonioterapia somente como terapia experimental, dentro de protocolos de pesquisa aprovados pelo sistema formado pela Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) e respectivos comitês.
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A entidade ressalta que, além de não oferecer resultados positivos, a ozonioterapia pode trazer prejuízos ao afastar o doente de outras terapias de efeito comprovado. Entre os fatores que citados está a falta de autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para o uso clínico da ozonioterapia.
“A Anvisa tem reiterado que há indícios positivos dessa prática apenas em tratamentos estéticos, como limpeza de pele, e odontológicos, como a reversão de cáries e infecções”, cita o CBO. “O ozônio é um gás tóxico e corrosivo, que tem ação bactericida. É usado para a assepsia de ambientes, como um desinfetante, e para purificar a água.”
Polêmica
“O CBO acompanhou as discussões no Congresso Nacional, apresentando preocupação com a inexistência de estudos científicos comprovando a eficiência dessa terapia na abordagem de doenças crônicas ou reversíveis e também com a disseminação de informações falsas induzindo o seu uso por pacientes de alta complexidade”, conclui a nota.
Outras entidades médicas externaram posição semelhante ao uso clínico da ozonioterapia, como é o caso da AMB (Associação Médica Brasileira), a ANM (Academia Nacional de Medicina) e o CFM (Conselho Federal de Medicina).