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Médicos realizam exames gratuitos no calçadão neste sábado

30 mai 2014 às 08:47

Neste sábado (31), vários países se unem no Dia Mundial sem Tabaco e o Instituto de Doenças do Coração de Londrina (InCor) promoverá ações com profissionais da saúde no calçadão, das 9h às 12h, para alertar sobre os riscos do cigarro, com avaliações e orientações diversas, gratuitas à comunidade.

As abordagens serão feitas por uma equipe multidisciplinar, com cardiologistas, ortopedista especialista em coluna, esteticista, nutricionista, profissionais de educação física, enfermeiros, dentre outros que compõem o "Circuito da Saúde". Serão realizados aferição da pressão arterial, abordagens sobre o vício do cigarro, avaliação respiratória, orientações sobre os fatores de risco para as doenças cardiovasculares e para doenças da coluna vertebral, prejuízos para a pele e ainda informações de programas e tratamentos para deixar de fumar, além de orientações nutricionais com indicação de dietas específicas para quem quer deixar o vício.


O tabagismo é um grave problema de saúde pública, responsável por inúmeras doenças pulmonares, como a bronquite crônica, o enfisema pulmonar e está associado às doenças cardiovasculares e tumores diversos. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam o tabagismo como a principal causa de morte evitável, responsável por mais de 6 milhões de mortes no mundo, anualmente. No Brasil, são mais de 200 mil mortes por ano.


Estudos científicos comprovam que o consumo dos derivados do tabaco geram dependência química e são responsáveis, ao longo dos anos, pelo desenvolvimento de doenças graves, incapacitantes e fatais. "Os riscos são alarmantes e ainda assim as pessoas estão reféns do vício. Um fumante pode sofrer um Acidente Vascular Cerebral (o derrame), um infarto, pode ter câncer de boca, faringe, laringe, nos pulmões e outros órgãos, dentre várias outras doenças", explica o cardiologista Icanor Ribeiro, do InCor Londrina.


A média de iniciação ao vício se dá antes dos 15 anos de idade. Estima-se que 60% dos fumantes por mais de 6 semanas continuarão fumando por mais de 30 anos. A queima de um cigarro libera o monóxido de carbono e cerca de 4.700 substâncias tóxicas, muitas delas cancerígenas, como carbono 14, polônio 210, arsênico, níquel cádmio e resíduos de agrotóxicos. O cigarro também contém a nicotina, substância que desencadeia a dependência do tabaco. "Não existe um número seguro de cigarros fumados. Isso é mito e o consumo de ‘apenas’ 5 cigarros por dia já pode causar dependência", alerta o cardiologista.


Cigarro x Coluna


Pesquisas científicas mostram uma ligação estreita entre o tabagismo e riscos de doenças na coluna vertebral. Fumar pode aumentar a dor lombar, favorecer doenças como hérnia de disco e ainda causar complicações pós-operatórias em cirurgias. Estudos publicados no The Journal of Bone & Joint Surgery, nos Estados Unidos, apontam que fumantes que tratam de dores na coluna sentem mais dores em relação aos que pararam de fumar durante o tratamento.


Segundo o ortopedista especialista em coluna, Alexandre Jaccard, a fumaça do cigarro interfere na circulação sanguínea, consequentemente, no aporte de oxigênio para as células, dificultando também a chegada dos nutrientes nos discos intervertebrais. Isso faz com que eles ressequem e se desgastem com mais facilidade. "O tabaco acelera o processo de desgaste dos discos intervertebrais. Então, quanto mais cedo a pessoa começa a fumar, maiores serão as chances de ela ter um problema na coluna", explica Jaccard.


Para explicar a dependência da nicotina, sintomas e os benefícios para quem consegue vencer o vício, o cardiologista Icanor Ribeiro dá algumas dicas:


Vale a pena deixar de fumar?


Certamente! Comparadas às pessoas que mantém o vício, as que deixam de fumar antes dos 50 anos de idade apresentam redução de 50% no risco de morte por doenças relacionadas ao tabagismo após 16 anos de abstinência. O risco de morte por câncer de pulmão, por exemplo, reduz de 30% a 50% após 10 anos sem fumar. E o risco de doenças cardiovasculares cai pela metade após 1 ano sem fumar.


A dependência da nicotina


Esta substância atinge o cérebro cerca de 10 segundos após ser inalada. A nicotina estimula receptores cerebrais, responsáveis pela liberação da dopamina, serotonina e noradrenalina, as quais causam sensações de prazer, bem-estar e conforto, também diminui a ansiedade, melhora do humor, a concentração, inibe a fome, ou seja , efeitos psicoativos muito favoráveis.


O consumo prolongado de cigarros faz com que haja uma adaptação cerebral à nicotina. Por esse motivo, torna-se necessário consumir quantidades cada vez maiores de nicotina para provocar o mesmo nível de resposta. "Tolerância" é o nome deste fenômeno e por causa deste efeito é praticamente impossível manter consumo reduzido de cigarros por muito tempo.


Vale ressaltar que a privação do cigarro, mesmo por poucas horas, é suficiente para provocar no fumante uma sensação desconfortável. À medida que o tempo de privação do cigarro aumenta, a sensação de desconforto se agrava e surge um desejo incontrolável de fumar. Isto se chama síndrome de abstinência. Os sintomas mais frequentes são: ansiedade, dificuldade de concentração, agitação, irritabilidade, agressividade, impaciência, confusão, dor de cabeça, tonturas, insônia e desejo incontrolável (fissura) de fumar. Eles surgem algumas horas após o uso do último cigarro e atingem a intensidade máxima entre 24h a 48 horas, diminuindo gradativamente num período de 3 a 4 semanas.


3 fatores básicos da dependência à nicotina


Dependência física - indica que o organismo do indivíduo adaptou-se ao uso continuado da nicotina, desenvolvendo sintomas de abstinência quando se deixa de fumar.


Dependência psicológica – desperta a sensação de "apoio", bem-estar e segurança, em que cigarro ajuda a amenizar a ansiedade em momentos difíceis, de estresse e solidão.


Condicionamento – o desejo de fumar é estimulado com algumas associações habituais: tomar café, consumir bebidas alcoólicas, após as refeições, falar ao telefone, dentre outras.


Relatos comuns entre fumantes apontam que eles acreditam que o cigarro preenche vazios internos, é companheiro, ajuda a lidar com o estresse, com sentimentos negativos ou positivos, facilita interações sociais e dá sensação de segurança. A pessoa fica, de fato, dependente e entregue ao vício.


Como enfrentar a dependência?


Existem dois momentos em que parar de fumar torna-se "comum": antes ou depois de ficar doente.


As pessoas precisam ser esclarecidas sobre as consequências danosas do tabagismo e estimuladas parar deixar de fumar (antes que adoeçam). No entanto, essa mudança de hábito será sempre uma decisão pessoal e a motivação sincera ajudará o dependente a se "libertar" do vício. É inegável que esta tarefa não é fácil. Deixar de fumar é um processo e leva tempo, pois exige uma mudança de comportamento. As tentativas variam, em média, entre 3 a 5 vezes antes que a pessoa consiga parar, definitivamente.


Por isso, o tratamento do fumante tem como eixo fundamental uma abordagem motivacional, com a finalidade de interferir na dependência psicológica e nos condicionamentos associados ao hábito de fumar. Em alguns casos, essa abordagem poderá ter melhor resultado com o uso de medicamentos que diminuam os sintomas da síndrome de abstinência, em pacientes que têm alto grau de dependência. O acompanhamento médico é fundamental e aliado para otimizar os resultados do tratamento.


Benefícios ao parar de fumar


Melhora a capacidade física
Reduz o risco de câncer
Reduz o risco de doenças cardiovasculares e respiratórias
Aumenta a expectativa de vida
Melhora o sabor dos alimentos
Melhora o olfato
Elimina o odor corporal e o hálito do tabaco
Promove economia financeira (por não comprar os cigarros)
Reduz gastos com saúde
É um excepcional exemplo para os filhos, netos, parentes e amigos
O que acontece ao fumar "o último cigarro da sua vida"?

Em 20 minutos: a pressão arterial e o número de batimentos cardíacos voltam ao normal
Em 8 horas: os níveis de monóxido de carbono retornam ao normal
Em 1 dia: redução do risco de ataque cardíaco
Em 3 dias: relaxamento dos brônquios e aumento da capacidade respiratória
Entre 1 a 9 meses: redução da tosse e infecções das vias aéreas com melhora da respiração e da capacidade física
Em 1 ano: redução de 50% do risco de morte por infarto
Em 10 anos: o risco de morte por doença coronariana se iguala ao de uma pessoa que nunca fumou
Entre 15 a 20 anos: o risco de câncer se iguala ao de uma pessoa que nunca fumou
"A vida sem cigarros é, portanto, vida com mais saúde", defende o médico. Apesar de óbvia, a recomendação e o alerta contra o tabaco são insuficientes. É necessário unir esforços políticos e educacionais para uma mudança de cultura que garanta um futuro mais saudável.


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