Inspirados na vida harmônica entre os índios e os mosquitos, um casal de pesquisadores pernambucanos desenvolveu um repelente natural contra o tão temido Aedes aegypti. O produto recebeu em 2015 a autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como protetor eficiente e já está próximo de chegar a prateleiras de redes farmacêuticas.
O produto usa plantas como alecrim, cravo, citronela e andiroba e é fruto de pesquisa do dermatologista Djalma Marques e da engenheira química Fátima Fonseca. Naturalista, Marques conta que, quando voltou ao Recife, em 2005, foram morar em uma região cercada por natureza, e começaram a enfrentar problemas.
"Sentimos a necessidade da pesquisa pois vivíamos em área de muito mosquito, muita muriçoca. Os guris andavam dentro do mato e voltavam sempre picados. Como a gente não usa produto químico sintético, começou a tentar uma forma de fazer uma proteção natural testando uns óleos", afirma.
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Os dois criaram então uma empresa para pesquisar produtos naturais sem uso de nada sintético. Quatro anos depois de pesquisas informais, veio então o passo fundamental para a criação do repelente Biorepely: o financiamento do projeto pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
Ajuda dos índios
O dermatologista relata que para chegar à fórmula do repelente contou com informações de índios que viviam à margem de rios e conviviam harmonicamente com os mosquitos.
"Fomos buscar com os índios o que tinham para viver lá, e, para nossa surpresa, soubemos que eles usam vários tipos de óleos. Perguntamos como eles aprenderam, e disseram que viam os próprios animais utilizar, pois roçam suas peles em árvores que têm óleo", disse.
Em paralelo, o casal pesquisou quais eram os microrganismos existentes na pele das pessoas que vivem no Brasil. Da pesquisa até a aprovação da Anvisa como repelente contra o mosquito Aedes aegypti foram seis anos, até o ano passado.
"O repelente tem eficácia de duração de quatro horas. Um dos grandes segredos é que ele é um hidratante da pele. A pessoa pode usar quantas vezes quiser", afirma.
Grande procura
No final de 2015, com o surgimento das informações da microcefalia causada pelo zika vírus, os pedidos explodiram, e a empresa dos pesquisadores não deu conta: os 2.000 que existiam em estoque foram vendidos. O produto custa, na internet, cerca de R$ 40.
O professor explica que, assim que tiverem matéria-prima, a produção será feita em grande escala. "Já tem rede de farmácia do Sul procurando."
(com informações do site UOL)