Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Dois anos depois

Covid tem maiores médias móveis de casos

Phillippe Watanabe - Folhapress
12 mar 2022 às 11:39

Compartilhar notícia

- Pixabay
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Era uma quarta-feira, dia 11 de março, quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que a Covid-19 era uma pandemia –em meio a algumas críticas de que a entidade havia demorado para chegar a essa conclusão. Dois anos depois, mesmo com vacinas disponíveis, pelo menos para parte do mundo, o planeta vê as maiores médias móveis de casos de toda a pandemia e níveis alto de mortes associados à superinfecciosa variante ômicron.


Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade

Em janeiro deste ano, a ômicron levou à média móvel mundial de casos a inimagináveis 3,4 milhões de pessoas infectadas por dia. Em dezembro de 2021, a variante já tinha elevado o patamar de infecções para mais de 1,3 milhão de casos. Os maiores valores anteriores ficavam na casa das 700 mil ou 800 mil infecções diárias, como em abril e maio de 2021.

Leia mais:

Imagem de destaque
Até julho, 544 atendimentos

Atendimento a dependentes de apostas cresce sete vezes no SUS, com alta entre mulheres

Imagem de destaque
Análise

Aumento de casos de coqueluche pode estar ligado à perda de imunidade vacinal e cobertura insuficiente

Imagem de destaque
Novos dados

Saúde alerta para a necessidade da vacinação contra a coqueluche para conter o aumento de casos

Imagem de destaque
Escassez

Falta de Ozempic em farmácias leva pacientes à busca por alternativas


A "boa notícia" em meio ao tsunami de infecções é a quantidade um pouco menor de pessoas mortas pela doença. No pior momento da ômicron (até aqui), a média móvel de mortes pela Covid no mundo ficou pouco acima de 10 mil óbitos por dia. Em janeiro, abril e maio do ano passado, os valores ficavam próximos às 15 mil mortes por dia.

Publicidade


O Brasil, por exemplo, no primeiro semestre de 2021, era acossado pela variante gama, com mais de 70 mil casos por dia e médias de mortes acima de 2.000 e até 3.000, além dos colapsos de sistemas de saúde.
Já em 2022, mesmo com recorde absoluto de média móvel de casos, que chegou a 188.451 por dia em 31 de janeiro, a média de óbitos não chegou a cruzar a linha das 900 vidas perdidas por dia –um número de perdas, porém, ainda elevado.


A lição que fica é a das vacinas, afirma Renato Kfouri, infectologista e diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). "Elas mostram, mais uma vez, como são capazes de reduzir a carga da doença", diz o especialista. "Como estaríamos se não tivéssemos as vacinas fazendo esse papel?"

Publicidade


Kfouri afirma que é possível dividir a pandemia em dois períodos. Um antes da vacina, no qual se aprendeu, basicamente, como lidar com os pacientes, quais drogas funcionam ou não e a necessidade de medidas não farmacológicas para tentar frear a disseminação da Covid.


Esse período, no Brasil, foi recheado de desinformação e politização dos assuntos médicos relacionados à pandemia, relembra Ethel Maciel, epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo.

Publicidade


A cloroquina foi, talvez, a principal droga abraçada e propagandeada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), apesar das consecutivas evidências de que ela não funciona contra a Covid. Mas até mesmo as máscaras foram motivo de fake news por parte do presidente e de seus apoiadores.


"Medidas simples de controle viraram um objeto de disputa política", afirma Maciel. Ela diz que o país sempre teve uma política de saúde verticalizada, com a esfera federal atuando inicialmente para só depois as instruções chegarem aos municípios. Na pandemia, segundo ela, houve uma desestruturação disso, o que pode ter sido problemático principalmente para municípios que não tinham corpos técnicos adequados para tomar a decisão.

Publicidade


"Quando o governo passa a não tomar decisões ou tomar decisões que batem de frente com a ciência, aí começa algo que a gente ainda não tinha visto no Brasil", diz Maciel.


Até mesmo as vacinas viraram motivo de politização, com Bolsonaro desincentivando a imunização.
E foi graças às vacinas que começou o segundo período da pandemia, afirma Kfouri. Mas nem mesmo elas foram capazes de frear definitivamente a pandemia, em parte pela concentração de doses em países desenvolvidos e pela falta de imunizantes e baixa cobertura vacinal em outros locais, como no continente africano e em alguns países do leste europeu.

Publicidade


A ômicron, por exemplo, surgiu na África do Sul, em novembro de 2021, em um momento em que o país lutava para uma melhor distribuição das vacinas contra a Covid.


A variante surpreendeu a todos. "Nunca se viu um vírus se espalhar no planeta como a ômicron se espalhou", afirma o infectologista.

Publicidade


Até mesmo vacinados –inclusive com doses recentes– não foram poupados pela ômicron, que atualmente domina o mundo. O escape vacinal era um perigo constantemente alertado pelos pesquisadores, que reforçavam a necessidade de uma maior equidade na distribuição de vacinas para evitar novas variantes (quanto maior a transmissão descontrolada, maiores as chances de novas cepas).


Apesar de ser tornarem mais fracas para evitar casos leves, as vacinas continuaram cumprindo muito bem o papel de proteção contra a gravidade da Covid e óbitos.


Agora, mesmo em meio às quantidades quase inimagináveis de casos dos últimos meses, começam conversas e até mesmo ações para tirar o caráter pandêmico da Covid, algo precipitado para o momento, segundo pesquisadores.


Afinal, ao sair da pandemia, iniciaríamos um momento em que se tem uma certa previsibilidade da quantidade de casos e mortes da Covid, saberíamos o que esperar. O que ainda parece uma realidade não factível para as infecções por Sars-CoV-2. E isso fica claro ao olharmos para os últimos poucos meses.


No Reino Unido, as restrições caíram quase totalmente. O país, porém, já começa a ver sinais de uma nova alta de casos.


No Brasil, a obrigatoriedade das máscaras já está caindo em diversos estados, o que especialistas afirmam fazer sentido para os ambientes abertos. Não haver obrigação de proteção facial em áreas fechadas, porém, preocupa os pesquisadores.


De toda forma, Kfouri afirma que os próximos meses devem ser de calmaria e lua de mel para o Brasil e para os demais países, devido a uma grande imunidade global adquirida, seja por vacinação ou por infecções recentes.


Porém, sabe-se que isso deve ter um prazo de validade: até a próxima onda.


Os pesquisadores apontam que um fim ainda não está no horizonte. Ou seja, não se pode declarar que a Covid é uma endemia (como deseja Marcelo Queiroga, ministro da Saúde). Em primeiro lugar, porque a pandemia é um evento mundial, sobre o qual só a OMS poderia decretar o fim.


Além disso, lembra Kfouri, a carga de mortes e infecções da Covid é muito elevado, no Brasil por exemplo, com mais de 500 óbitos por dia, para se considerar a doença como endêmica.


Segundo Maciel, resta saber com quais níveis de mortalidade e contaminação estaremos confortáveis para declarar que a Covid, finalmente, está em um nível aceitável.


Enquanto isso, a OMS continua alertando continuamente que a pandemia ainda não acabou.

Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo