O número de novos casos de Covid-19 parou de crescer em 70% das 324 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes. Entre os estados, 12 não têm nenhum grande município com aumento acelerado do contágio.
Os números são do monitor da aceleração da Covid-19 do jornal Folha de S.Paulo, que verifica o estado da pandemia nas cidades grandes e estados – e recebeu ajustes nesta quinta-feira (3).
Em 132 desses municípios (41%), a situação é estável –a quantidade de novos diagnósticos é constante, mas o volume ainda é significativo. Outros 95 (29%) estão em desaceleração, com número de novos casos em queda considerável.
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Nas demais 97 cidades (30%), porém, o estágio é acelerado, ou seja, a disseminação do vírus está em ascensão, com crescimento de novos casos. Das 27 capitais,Palmas, Florianópolis, Porto Alegre e Campo Grande estão nessa situação.
Há um mês, 72% das cidades tinham crescimento acelerado de casos – resultado considera as adaptações que foram feitas no monitor.
O monitor tem ainda mais duas possibilidades de classificação: inicial (início da epidemia, com poucos casos) e uma quinta etapa, na qual a epidemia está sob controle e há poucos ou nenhum novo caso (estágio reduzido). No momento, não há nenhuma cidade grande nessas fases.
As regiões Norte e Nordeste, que tiveram surto mais forte da Covid-19 em abril e junho, agora têm a maioria de suas cidades monitoradas em desaceleração.
A exceção é o Tocantins, que tem Palmas e Aguariúna (duas únicas com mais de 100 mil moradores) ainda aceleradas.
No Sul e Centro-Oeste, por sua vez, metade dos municípios ainda apresenta crescimento consistente de novos casos. Isso é mais evidente no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso do Sul, onde cerca de 75% das cidades grandes estão em fase acelerada.
Com 81 municípios monitorados, São Paulo tem 62% deles estáveis, incluindo a capital, Campinas e Ribeirão Preto.
A partir desta quinta, a Folha de S.Paulo passa a adotar mudanças no monitor, que tem como base um modelo estatístico desenvolvido por Renato Vicente, professor do Instituto de Matemática da USP e membro do coletivo Covid Radar, e por Rodrigo Veiga, doutorando em física pela USP.
O modelo se baseia na evolução dos casos em cada local (cidade, estado, país) e tem como parâmetro um período de 30 dias, com mais peso para o período mais recente. Com isso, é medida a aceleração da epidemia, ou seja, a forma como o número de novos casos cresce ou diminui.
Uma das mudanças se refere à normalização dos casos, manobra estatística que ajusta os valores para uma escala comum, de forma que seja possível comparar a cidade de São Paulo, que já soma mais de 260 mil casos, com Petrolina (PE), que tem pouco mais de 4.000.
Antes, a normalização era feita a partir do total de casos registrados em cada local. Agora, são considerados os registros dos últimos 14 dias.
A versão anterior do modelo, definida a partir do que costuma ser o comportamento de uma epidemia e em como a Covid-19 havia se manifestado nos demais países, nem sempre conseguia captar de forma adequada os platôs e flutuações, e a situação podia ficar subestimada em determinados locais.
Com a calibragem do monitor, há mais solidez nas classificações. Considerando os dados desta quarta (2), há 39 cidades a mais classificadas como estáveis no modelo atual que no antigo, e 13 a mais em desaceleração. Não há mais nenhuma na etapa reduzida.
Outro ajuste foi feito para atenuar um problema que o Brasil enfrenta desde o início da pandemia, relacionado à instabilidade dos dados sobre a doença.
A partir de agora, o monitor passa a considerar o estágio mais presente nos últimos sete dias. Com isso, há maior estabilidade da classificação apresentada diariamente e há redução de mudanças bruscas causadas por instabilidades na divulgação dos dados pelas Secretarias de Saúde.