Segundo pesquisa da Associação Americana de Alzheimer, cerca de 4 a cada 5 pessoas que recebem o diagnóstico de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL), como um sintoma inicial do Alzheimer, progridem para um quadro de demência em até cinco anos.
Simone Alves Landim, enfermeira, especialista em gerontologia e geriatria, mestre em Ensino em Ciência e Saúde e professora do curso de Enfermagem da Faculdade Santa Marcelina, explica que “o Alzheimer se caracteriza como uma demência crônica, degenerativa, progressiva e irreversível, se manifesta por meio da perda de funções cognitivas como memória, orientação, atenção e linguagem”.
A doença apresenta grande sofrimento ao portador e interfere diretamente na rotina e estrutura familiar. De acordo com Simone, o maior desafio que a família enfrenta é a aceitação. “Observar as alterações do comportamento e o declínio funcional, como agitação, confusão, agressividade, esquecimento e dificuldade em cuidar de si, acarreta muito sofrimento aos entes do paciente”, explica.
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A professora destaca que outra barreira é compreender que o tratamento visa retardar o progresso da doença e não objetiva a cura. Entretanto, a família desempenha um papel fundamental no tratamento e deve ser assistida por uma equipe multidisciplinar vinculada às Unidades Básicas de Saúde.
Entre os papeis dos familiares, se destacam manter a segurança física do paciente e sustentar as funções cognitivas. Para tanto, é importante proporcionar um ambiente calmo e tranquilo, ter uma atitude afetuosa, estabelecer contato visual e ouvir atentamente, utilizar frases curtas e simples, proporcionar convívio com os outros, estimular a atividade física e manter calendário e relógios visíveis.
Uma dúvida muito comum é quando um profissional de enfermagem deve ser envolvido nos cuidados diários da pessoa com Alzheimer. “Não há um momento determinado para ter o auxílio de um profissional de enfermagem, tudo irá depender da estrutura e dinâmica familiar”, conta Simone. “A assistência de enfermagem está diretamente relacionada às ações de promoção da saúde e prevenção de agravos para o cuidador e pessoa que é cuidada”, completa.
Segundo a especialista, à medida que a doença progride, é possível observar que os cuidadores principais acabam assumindo maior responsabilidade, passando a se dedicar quase que integralmente ao doente. Por vezes, esses cuidadores se sentem sobrecarregados, e é nesse momento que se torna necessário considerar o auxílio de um profissional de enfermagem na rotina.
O profissional de enfermagem desempenharia os mesmos papéis que os familiares, zelando pela segurança física, cuidados diários e sustentação das funções cognitivas. No entanto, é imprescindível que o profissional respeite o núcleo familiar, busque estabelecer um vínculo com o paciente e crie estratégias para acolher os familiares.
Simone ressalta que “não há papel que a família não possa desempenhar”. Por outro lado, se os cuidadores se sentem sobrecarregados, envolver um profissional de enfermagem na rotina não somente garante um cuidado mais cauteloso ao paciente, mas também promove mais leveza e saúde mental aos familiares para lidar com essa situação delicada.