O dia 1º de Dezembro é lembrado como o Dia Mundial de Combate à Aids. A data chama atenção para dados preocupantes: os casos de HIV/Aids entre idosos sobem, anualmente, no Brasil, segundo o Boletim Epidemiológico de 2018, do Ministério da Saúde. De 2007 a 2017, houve um crescimento de 103%. A população idosa feminina representa a maior parte dos casos, com um aumento de sete vezes nos diagnósticos, um total de 657% a mais no período.
Roberta Parreira, médica geriatra da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), explica que o advento dos medicamentos para disfunção erétil permitiu o retorno à vida sexual ativa para muitos idosos.
"Meus pacientes conversam comigo sobre o assunto quando se sentem à vontade. E dizem que veem o sexo como uma necessidade de vida, algo agradável. Ainda que nesta etapa da vida, por exemplo, homens e mulheres tenham condições físicas e biológicas particulares”, diz.
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No entanto, diante do aumento de infecções pelo vírus HIV na população idosa, é importante que os profissionais de saúde peçam teste de sorologia e auxiliem no cuidado e na prevenção, aconselha Roberta. "Quando se investiga demências, por exemplo, destacar Aids e sífilis é parte do protocolo. As ditas comorbidades precisam ser verificadas até para saber de possíveis interações medicamentosas”, complementa.
Tendência local e mundial - Apenas em São Paulo, maior cidade do Brasil, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, no último ano, os idosos foram os únicos entre a população adulta que tiveram crescimento nas infecções pelo HIV/Aids. Enquanto a taxa de novas infecções no geral diminui no município para perto de 18%, entre 2017 e 2018, na população idosa os casos cresceram 15% no mesmo período.
O crescimento dos casos de HIV/Aids entre idosos no Brasil acompanha uma tendência mundial. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), se prosseguir nesse ritmo de infecções nessa faixa etária, em 2030, 70% da população do mundo com 60 anos ou mais poderá ter o diagnóstico positivo para o vírus da Aids.
"Precisamos de campanhas de prevenção e políticas de saúde voltadas a essa população e outros grupos entre os quais os casos de HIV estão crescendo”, conclui a especialista.