O Brasil atingiu, nesta segunda-feira (22), a marca de 80% da população adulta com o esquema primário da vacina contra Covid completo.
Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, já são, considerando a população inteira, 129.703.343 milhões de brasileiros com a segunda dose ou dose única aplicadas.
O estado que apresenta o maior percentual de adultos que já receberam as duas doses ou a dose única é São Paulo, com 94,44%. Na outra ponta está Roraima, com apenas 44,42%.
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O Brasil registrou 1.039.841 doses de vacinas contra Covid, nesta segunda. De acordo com dados das secretarias estaduais de Saúde, foram 143.090 primeiras doses e 575.013 segundas. Também foram registradas 27.707 doses únicas e 294.031 doses de reforço.
Mesmo quem recebeu as duas doses ou uma dose da vacina da Janssen deve manter cuidados básicos, como uso de máscara e distanciamento social, afirmam especialistas.
A vacinação no Brasil começou em 17 de janeiro deste ano, quando a enfermeira Monica Calazans, 54, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, recebeu a primeira dose em território nacional. Na ocasião, a vacina disponível era a Coronavac, feita por meio de parceria entre a chinesa Sinovac e o Instituto Butantan.
O início da campanha vacinal foi marcado por atrasos na entrega de imunizantes da AstraZeneca-Universidade de Oxford, que é atualmente o mais usado no país. A lentidão teve também como componente crucial a demora pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) para aquisição de imunizantes como o da Pfizer e da Janssen.
Apesar do começo pouco animador, o Brasil ultrapassou na última terça-feira (16) os Estados Unidos em percentual total da população com esquema primário da vacina completo. Já o governo norte-americano tem enfrentado dificuldades para convencer parcela dos cidadãos a se vacinar.
Para Jamal Suleiman, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas é um "feito excepcional" o alcançado agora. "É uma doença que esse governo insistiu que não era para ter vacina, demorou para comprá-la, para inseri-la no programa nacional de imunização. Esse feito mostra que a população brasileira acredita mesmo que essa é a estratégia efetiva para que possamos sair dessa pandemia de maneira organizada e segura. É uma vitória do povo brasileiro."
Já Renato Grinbaum, integrante da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), diz que o alto percentual da população vacinada no Brasil, especialmente no estado de São Paulo, indica a possibilidade de um arrefecimento da pandemia, com a flexibilização de muitas atividades. "Mas essa pandemia ainda não está terminada. Estamos vendo um aumento especialmente na Alemanha e em outros países", diz.
Segundo Grinbaum, a flexibilização do uso de máscaras, por exemplo, deve ser feita com muita cautela.
"Eventualmente, em ambientes abertos e sem aglomeração. Em caso de qualquer aglomeração, em ambiente fechado, talvez seja um pouco cedo. Temos que lembrar que deveremos discutir o novo normal e não a volta ao velho normal", explica.
Professor titular do departamento de moléstias infecciosas e parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, Esper Kallás vê como um bom sinal o fato de o país ter chegado aos 80% da população adulta com esquema vacinal completo. "Acho que é uma marca simbólica, aponta para uma situação que, confirmada a tendência acumulada nos últimos meses, mostra que os países que conseguem ampliar a vacinação de sua população são aqueles que estarão melhor posicionados no enfrentamento da pandemia, inclusive no ressurgimento de novas ondas em um futuro próximo", diz.
Segundo Kallás, o Brasil vai pelo mesmo caminho trilhado por Portugal, Espanha, Chile e Uruguai, com altos percentuais de imunização e que vivem, atualmente, uma situação mais confortável em relação à pandemia no mundo todo. "Os locais onde ocorre mais uma onda tardia de casos e mortes de Covid-19, infelizmente, são aqueles que não atingiram índices altos de proteção vacinal, como o Brasil está atingindo", diz.
O Brasil também registrou nesta segunda 120 mortes por Covid e 3.853 casos da doença. Com isso, o país chega a 612.842 mortes e 22.018.889 pessoas infectadas desde o início da pandemia.
O Mato Grosso não divulgou dados atualizados, nesta segunda.
A média móvel de mortes está em estabilidade, ou seja, sem alterações superiores a 15% em relação aos dados de duas semanas atrás. Ela agora é de 208 óbitos por dia.
Já a média móvel de casos teve uma queda de 22%, em relação aos valores de duas semanas atrás, e agora é de 8.655 infecções por dia.
Os dados brasileiros, coletados até as 20h desta segunda, são fruto de colaboração entre Folha de S.Paulo, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1 para reunir e divulgar os números relativos à pandemia do novo coronavírus. As informações são recolhidas pelo consórcio de veículos de imprensa diariamente com as Secretarias de Saúde estaduais.