O presidente do Atlético-MG resiste a ser o último dos presidentes dos grandes clubes do futebol a sucumbir à Rede Globo e vender à emissora carioca os direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro do quatriênio entre 2012 e 2015. Nesta sexta-feira, em entrevista à ESPN Brasil, Alexandre Kalil deu sinais de que o clube alvinegro vai assinar com a Globo, mas garantiu que não será ele a fazer isso: "Meu saco estourou. Se meu Conselho (Fiscal) resolver ir para lá (para o Rio), acertam lá em nome do Atlético-MG. Eu não sou bobo".
"Os presidentes que são os mandatários, que reinam nos seus clubes e não dão satisfação a ninguém e podem assinar o que quiserem. O Atlético vai cair na mão disso? Vai. Mas não vou assinar. Vou entregar ao Conselho Fiscal, convocar a Comissão de Ética. Se assinarem, não quero fazer parte de lesar o clube que gosto e trabalho por ele", afirmou Kalil, irritado.
Kalil era um dos integrantes da comissão montada dentro do Clube dos 13 e que definiu o processo licitatório da venda dos direitos de transmissão do Brasileirão no próximo triênio. O Clube dos 13 esperava arrecadar cerca de R$ 1,2 bilhão anuais, com concorrências separadas para TV aberta, fechada, pay-per-view, internet, celular e direitos internacionais de TV.
Com a desistência da Globo e da Record de participarem da licitação, a Rede TV! foi a vencedora para a TV aberta. Insatisfeitos, os clubes passaram a negociar individualmente e 14 das 20 agremiações que pertencem à entidade já oficializaram acordo com a Globo. Faltam também São Paulo, Atlético-PR, Internacional (que, ao lado do Atlético-MG, eram os mais ferrenhos opositores à Globo, mas já sinalizaram acerto), Portuguesa e Guarani.
O presidente do Atlético-MG revela que o contrato com a Globo - que seria semelhante ao aceito por Grêmio, Cruzeiro, Fluminense e Botafogo - está sendo imposto pela emissora. "Não está ninguém negociando com ninguém. Colocaram um contrato na garganta do Atlético-MG e temos até meados de maio para responder. São os donos do futebol, fazem o que querem, da forma que querem", reclamou.
O dirigente questiona principalmente o fato de que, pelo acordo oferecido pela Globo, todos os clubes abrem mão do valor que receberiam por TV fechada e internet. Esse dinheiro iria para um fundo de custeio, que bancaria os custos de viagens dos clubes e a compra dos direitos de transmissão de clubes que não fazem parte do Clube dos 13.
"O contrato não é individual? A televisão está discutindo com o Atlético-MG, não tenho nada com os outros clubes. Então não tem que tirar da minha conta. Como é que vem e tira do meu dinheiro? O dinheiro é meu!", esbravejou Kalil, que explicou que com R$ 450 mil conseguiria cobrir seus gastos de viagem, mas que perderia R$ 2,5 anuais cedendo esse dinheiro para a Globo. "Vou ter que explicar para o meu Conselho Fiscal que a TV paga foi dada de presente para os outros. Não tenho como explicar. E na minha conta está faltando 1 milhão de euros."