Os reforços contratados pelo Paris Saint-Germain para a temporada 2021/2022, cujo grande destaque é Lionel Messi, 34, mudou a equipe francesa de patamar. O time passou de nono para segundo elenco mais valioso da Europa.
Segundo o site Transfermarkt, especializado em negócios do futebol, o PSG vale hoje 993,7 milhões de euros (R$ 6,1 bilhões). O atleta mais valioso do clube é o atacante Mbappé, 22, que ainda não renovou contrato e é especulado no Real Madrid na próxima temporada. O francês vale 160 milhões de euros (R$ 981,8 milhões). Neymar, 29, tem preço avaliado em 100 milhões de euros (R$ 613,6 milhões). Aos 34 anos, Messi é o terceiro da relação (80 milhões de euros ou R$ 490,9 milhões).
A equipe líder nessa classificação continua sendo o Manchester City, cujos jogadores somados têm valor de mercado de 1,06 bilhão de euros (R$ 6,5 bilhões). O mais caro do elenco é o belga De Bruyne (R$ 613,6 milhões).
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O domínio de dois clubes que não têm tanta tradição na Europa e nunca conquistaram o título da Liga dos Campeões tem uma explicação. Para Bruno Maia, especialista em inovação e novos negócios na indústria do esporte, os modelos de gestão de City e PSG são similares.
"Eles não são financiados por uma estrutura tradicional do futebol, e sim pelo dinheiro do mundo árabe. Por causa da pandemia, todos os clubes estão com menos capacidade de gerar receitas. Não é o caso de PSG e Manchester City, que têm condições de cobrir suas despesas, já que são subsidiados por governos de Qatar e Emirados Árabes. Eles têm sofrido menos impacto em função das perdas que a quarentena trouxe", diz Maia, que é sócio da agência 14.
O PSG tem um trunfo a mais. As regras do Fair Play Financeiro foram flexibilizadas tanto pela Uefa como pela Ligue 1 (Campeonato Francês) por causa das perdas experimentadas pelos clubes durante a pandemia, que inicialmente obrigou a paralisação de torneios por meses. Com o retorno das competições, os jogos tiveram que ocorrer sem a presença de torcedores, prejudicando novamente a arrecadação.
"A flexibilização das regras foi implementada para a temporada 2019/20, a primeira impactada pela pandemia, e valerá até a atual [2021/22]. A Uefa entendeu que, mesmo com a volta do público aos estádios, os clubes ainda estão se recuperando", afirma o economista Cesar Grafietti, consultor de finanças do Itaú BBA.
Esse privilégio o Barcelona não teve. O clube segue as regras mais rígidas da La Liga, que organiza o Campeonato Espanhol e estabelece limite de gastos de acordo com a arrecadação dos clubes. Mesmo com Messi abrindo mão de 50% do salário, ficou inviável para o time da Catalunha manter seu principal astro no elenco. Problema que não foi enfrentado pela equipe francesa.
"O PSG aproveitou a brecha nas regras [de Uefa e Ligue 1] para fazer esse movimento de contratações", diz Grafietti.
O curioso nessa conta é que o PSG investiu uma quantia considerada não muito alta para os padrões europeus nos cinco reforços de impacto que apresentou até aqui. Messi, 34, Sergio Ramos, 35, Wijnaldum, 30, e Donnarumma, 22, chegaram sem custos ao clube –exceto luvas e outras benesses–, já que tinham encerrado contrato com suas antigas equipes.
"Houve poucas aquisições no mercado. Eles usaram bem a sedução aos atletas, garantindo a formação de um elenco forte.
Mas todos esses jogadores recebem luvas, que são pagas na assinatura do contrato", afirma o economista.
Messi, por exemplo, recebeu luvas de 25 milhões de euros (R$ 153,4 milhões) pela assinatura do contrato. O argentino também vai ganhar o mesmo valor por cada ano de compromisso com o PSG. No acordo de duas temporadas, há a possibilidade de renovação por mais uma, pelo mesmo montante.
Taxas de transferência propriamente ditas o clube parisiense pagou por dois atletas. Investiu 60 milhões de euros (R$ 368,2 milhões) pelos direitos do lateral direito Hakimi, 22, que eram da Inter de Milão. E desembolsou mais 16 milhões de euros (R$ 98,2 milhões) para contar em definitivo com o volante Danilo Pereira, que já estava na equipe, mas emprestado pelo Porto.
Os cinco reforços agregam valor de mercado de 245 milhões de euros (R$ 1,5 bilhão) ao elenco do clube francês. Sem eles, o PSG cairia para a nona posição entre os plantéis mais valiosos da Europa.
Para a temporada seguinte, já sem o afrouxamento do fair play financeiro na França, o PSG precisará ser capaz de bancar os salários de seu grupo com o que arrecadar ou terá de vender jogadores para equilibrar as despesas.
É aí que Messi poderá ser um trunfo (além do esportivo) para obtenção de maiores ganhos financeiros.
"Há os benefícios financeiros diretos, com receitas de patrocínio e bilheteria. E há receitas indiretas, que são ainda maiores. O PSG passa a ser uma referência global como maior clube do mundo. Esse posicionamento atrai mais consumidores, o clube conseguirá entrar em novos mercados. O PSG talvez tenha contratado o maior jogador da história", aponta Pedro Daniel, diretor-executivo e líder da área de Esportes da consultoria EY.
"A única maneira que o PSG tem de crescer de maneira sustentável é expandindo a marca. Eles já têm o domínio do mercado francês no âmbito financeiro e de performance. Precisam trazer recursos de outros mercados. Não é muito diferente do que Real Madrid e Barcelona já fizeram", acrescenta o executivo.