O ano de 2020 foi o mais difícil de toda a carreira de Tadeu Schmidt, 46, apresentador do Fantástico há quase 15 anos, segundo avaliação dele próprio. Conforme a pandemia do novo coronavírus avançava, mais notícias ruins precisavam ser dadas por ele todos os domingos à noite, na Globo. E isso se repete em 2021.
"Fizemos alguns programas totalmente dedicados à pandemia que foram realmente muito tristes. Mas é a nossa função contar para as pessoas o que está acontecendo. Levar informação de qualidade tem valor não só para que as pessoas se informem, mas também para que se protejam", diz Schmidt.
Apesar da dificuldade, o jornalista diz que sempre foi preciso virar a chavinha para informar a população mesmo nos momentos mais complicados. E, agora, Schmidt vai estrear um novo quadro no Fantástico para trazer um pouco de leveza nesse momento crítico da expansão dos casos e mortes por Covid-19.
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Schmidt afirma que a ideia do quadro É Muita Coincidência, que estreia neste domingo (21), surgiu a partir de um podcast americano que falava sobre coincidências extraordinárias e contava com a ajuda da matemática para dar algumas explicações.
"As pessoas vão ficar de queixo. Vai despertar aquela sensação de 'não é possível que uma coisa dessa aconteceu'. E o mais legal é que é verdade, aconteceu, e a explicação está na matemática", diz o potiguar nascido em Natal.
E por falar em novidades, em 2023 o Fantástico vai celebrar 50 anos no ar. E engana-se quem pensa que uma festa não está sendo pensada dois anos antes. Schmidt afirma que haverá muitas novidades, mas que elas seguirão em segredo por enquanto.
"Essa marca representa qualidade: são quase 50 anos como líder absoluto de audiência em um horário nobre da televisão brasileira [audiência da atração está em torno de 22 e 23 pontos]. Às vezes, eu tento achar um paralelo para explicar a um americano ou a um europeu o que eu faço, mas é difícil porque é um programa muito amplo, que tem de tudo."
Em conversa com o F5, por email, o jornalista com quase 25 anos de TV Globo fala sobre a importância do esporte na sua vida e em sua trajetória profissional e revela onde ele deseja estar daqui 10 ou 20 anos. "Pode ser que daqui algum tempo eu decida pendurar as chuteiras, mas hoje eu me vejo trabalhando para sempre, até o fim dos meus dias", diz o jornalista, que é irmão do ex-jogador de basquete Oscar Schmidt.
Confira trechos editados da entrevista
F5 - Como surgiu a ideia do quadro É Muita Coincidência?
Tadeu Schmidt - Toda a equipe do Fantástico faz sugestões. Todo mundo dá ideias, todo mundo sugere em cima das ideias dos outros. Por acaso, essa ideia de falar das coincidências foi minha. A partir de uma conversa sobre o meu bordão "Sabe o que significa? Nada", ouvi um podcast americano que falava sobre coincidências extraordinárias e contava com a ajuda da matemática para dar algumas explicações. Tive a ideia de fazer esse quadro no Fantástico. Gostamos de contar histórias e essa é uma oportunidade de tirar um sorriso das pessoas. Pedimos para as pessoas mandarem as histórias e agora vamos conta-las.
F5 - Qual a expectativa do quadro para o púbico?
Tadeu Schmidt - As pessoas vão ficar de queixo. Vai despertar aquela sensação de "não é possível que uma coisa dessa aconteceu". E o mais legal é que é verdade, aconteceu, e a explicação está na matemática. Quando pedimos que as pessoas enviassem as histórias para o programa, contamos casos de coincidências que aconteceram em loterias. Todas podem ser explicadas matematicamente.
F5 - Como por exemplo...
Tadeu Schmidt - Tem o caso de uma loteria em que saíram os mesmos seis números em dois sorteios consecutivos. Qual a chance disso acontecer? Nosso matemático explica. E assim faremos no programa. Qual a probabilidade de encontrar uma aliança perdida na praia 30 anos depois? É improvável que aconteça, mas acontece. Também descobrimos a história de uma mulher nos Estados Unidos que fez duas apostas na mesma semana em loterias de estados diferentes. Ela acertou todos os números, mas nos estados errados.
F5 - Como é como cobrir a pandemia?
Tadeu Schmidt - O jornalismo tem um papel muito importante na pandemia. A gente tem que cumprir a nossa missão. Às vezes, é triste mesmo. Bom vai ser o dia em que a gente der a notícia de que a pandemia está controlada. Sem dúvidas, em 2020 eu fiz os programas mais difíceis da minha carreira. Fizemos alguns programas totalmente dedicados à pandemia que foram realmente muito tristes. Mas é a nossa função contar para as pessoas o que está acontecendo, ainda mais neste momento. Levar informação de qualidade tem valor não só para que as pessoas se informem, mas também para que se protejam.
F5 - Como é estar sempre entre a felicidade e a tristeza no ar?
Tadeu Schmidt - Essa é uma característica do Fantástico, um programa que tem de tudo. E é papel dos apresentadores dar o tom certo para cada notícia e fazer a transição de um assunto leve para um pesado e vice-versa. Isso não acontece só agora. Desde que entrei no Fantástico, a gente passa por isso.
F5 - Que balanço faz dos seus quase 25 anos de Globo e quase 15 anos de Fantástico?
Tadeu Schmidt - O que eu mais gostei de ter feito na emissora até hoje, sem dúvidas, foi ter ido para o Fantástico. Foi a coisa mais importante que aconteceu na minha carreira. É um programa do qual eu sempre fui fã. Foi um desafio incrível. Fui convidado para levar um novo formato para os gols do Fantástico.
F5 - Como a história dos cavalinhos reverbera até hoje?
Tadeu Schmidt - A ida para o Fantástico, levando uma nova proposta para algo tão tradicional, como os gols do programa, foi o que aconteceu de mais importante na minha carreira. Isso passou a fazer parte da vida das pessoas. Imagina a minha felicidade quando uma pessoa, ao fazer três vezes qualquer coisa, diz que já pode pedir música no Fantástico. A brincadeira passou a fazer parte da vida das pessoas e acho isso o maior barato.
F5 - Qual a importância do esporte na sua carreira?
Tadeu Schmidt - Eu já trabalhava como jornalista esportivo desde 1998, quando ainda estava em Brasília. Vai fazer 23 anos. Hoje eu não sou mais do esporte, mas continuo fazendo os gols do Fantástico e participando de coberturas diretamente ligadas ao esporte como Olimpíada e Copa do Mundo. O esporte é muito importante para o crescimento das pessoas. Ajuda a lidar com a derrota, ajuda a ter disciplina, a respeitar as regras. É uma grande escola para a vida.
F5 - E na vida pessoal...
Tadeu Schmidt - Na vida pessoal, fiz grandes amigos no esporte. E na vida profissional, foi importante para mim vir do esporte. Apesar de nunca ter sido profissional, joguei vôlei a vida inteira e sempre acompanhei diversas modalidades. Eu vivi basquete por causa do meu irmão [Oscar Schmidt], eu vivi vôlei porque jogava vôlei, vivi futebol porque jogava bola. Lembro de acompanhar os Jogos Olímpicos de 1980 quando eu tinha 6 anos. Lembro mais da Copa de 1982 do que da Copa de 2018. Isso tudo traz uma bagagem.
F5 - Por toda essa vivência, trabalhar com isso é mais fácil?
Tadeu Schmidt - É mais fácil falar daquilo que você conhece muito. Então, me ajudou profissionalmente a saber o que é relevante em uma conquista, uma vitória, um lance. E continuo apaixonado por esportes. Antes jogava vôlei, depois passei a jogar tênis, e minha grande paixão atualmente é o golfe. O esporte continua sendo a minha grande paixão.
F5 - Daqui dois anos o Fantástico celebrará 50 anos no ar. O que representa essa marca?
Tadeu Schmidt - Sem dúvida já estamos pensando e preparando coisas para os 50 anos do programa, mas ainda é cedo para falar. Essa marca representa qualidade: são quase 50 anos como líder absoluto de audiência em um horário nobre da televisão brasileira. Às vezes, eu tento achar um paralelo para explicar a um americano ou a um europeu o que eu faço, mas é difícil porque é um programa muito amplo, que tem de tudo.
F5 - Você é o maior fã do Fantástico?
Tadeu Schmidt - Eu sou suspeito para falar, mas eu sempre fui fã, sempre assisti ao Fantástico e hoje eu faço parte desse time. É uma equipe brilhante com tantas pessoas competentes e talentosas. Trabalhar nessa equipe é um orgulho que não dá nem para medir.
F5 - Onde quer estar daqui a 10, 20 anos?
Tadeu Schmidt - As mudanças acontecem de maneira tão rápida no mundo que não consigo imaginar como será daqui a 10 ou 20 anos. Quem imaginaria o mundo que vivemos em 2020 e 2021? Mas também não consigo me imaginar sem estar trabalhando. Pode ser que daqui a algum tempo eu decida pendurar as chuteiras, mas hoje eu me vejo trabalhando para sempre, até o fim dos meus dias. Acho muito difícil prever o que eu estarei fazendo, mas espero que eu esteja na ativa levando um trabalho de qualidade para as pessoas.