Já teve curiosidade de saber como funciona a cozinha de um hotel, de uma fábrica de alimentos ou mesmo de um hospital? É exatamente isso que o vice-campeão da segunda temporada do MasterChef Brasil (Band), Raul Lemos, 40, vai mostrar a partir de segunda-feira (12), às 23h30, no seu programa Desvendando Cozinhas, na Rede TV!.
O formato da atração foi desenvolvido pelo próprio apresentador, em parceria com o sócio, Caio Romano, da Mení, empresa de negócios de gastronomia que eles criaram logo depois que ele deixou o MasterChef. O piloto do programa foi gravado em 2017 e oferecido para várias emissoras, inclusive a Band, onde Lemos apresentava uma espécie de esquenta antes do reality. Todas recusaram.
"A gente estava há uns quatro anos tentando emplacar [o programa], não rolou na Band. Eu estou muito feliz. O pessoal da Rede TV! viu que a nossa ideia não era uma maluquice, era um conteúdo muito legal e original, que não tinha [na televisão]. Eu sou um menino nerd criado na frente da TV vendo Ofélia, Palmirinha, Ana Maria Braga. Assisto programas de culinária desde pequeno", revela.
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Lemos conta que depois que deixou o reality culinário viajou para vários lugares do Brasil para participar de eventos, cozinhar e reestruturar cardápios. Com isso, conheceu muitas estruturas diferentes de cozinhas, como de hotel cinco estrelas, motel e fábricas de alimentos. Ele ficou impressionado com algumas delas e decepcionado com outras.
"Em uma semana fui em um hotel de luxo fazer um evento, conhecer a cozinha, trabalhei dois dias lá. Na mesma semana, eu fui fazer o menu de um motel e tive uma surpresa, a cozinha era muito melhor que a do hotel cinco estrelas, mais estruturada e maior velocidade de saída do prato", diz.
Bem-humorado, ele brinca que a ideia do programa surgiu quando saia do hotel com o sócio. Eles tinham ido ao local para reformular o cardápio e ficaram impressionados com a estrutura da cozinha. A partir deste dia, eles começaram a estruturar o projeto do programa para mostrar diferentes cozinhas e como os produtos servidos são produzidos.
Lemos afirma ainda que vai conversar com pessoas da gastronomia para mostrar o mundo que existe por trás de um chef famoso, como Alex Atala, por exemplo. "Por trás dele tem uma equipe de cem pessoas, que é a grande responsável pelo sucesso e que não tem o crédito devido, a gente vai mostrar essa galera. De verdade, no Brasil, para ser cozinheiro, tem que gostar muito de cozinhar, existem outras atividades que pagam melhor", afirma.
O apresentador revela que vai "botar a mão na massa" e virar funcionário por um dia dos lugares que visitar, trabalhar com os funcionários sem nenhum tipo de glamour, recebendo ordem e tomando bronca, varrendo o chão como se fosse da equipe. De volta ao estúdio, Lemos fará uma receita em homenagem a um personagem do episódio. "Eu tenho que cozinhar um pouquinho também", diz.
Publicidade e pandemia
Fora da televisão, Lemos mantém a empresa Mení com o sócio, que até antes do início da pandemia respondia por 80% da renda do apresentador. Com o setor de eventos parado, eles tiveram que se reinventar e fazer trabalhos com o digital, como lives corporativas e mandar caixas de ingredientes para a casa das pessoas para cozinharem. "Por seis meses tivemos faturamento zero", lamenta.
Hoje, Lemos e Romano cuidam do agenciamento de 50 chefs, dez deles exclusivos. Entre os agenciados por Lemos estão ex-participantes de vários programas culinários, como Hell's Kitchen (SBT) e Batalha dos Confeiteiros (Record). Entre os ex-participantes do MasterChef, ele cuida da carreira de Leonardo Young , Michele Crispim e Izabel Alvares.
"[A empresa] acabou virando referência de mercado, a gente administra as oportunidades empresariais, a linha toda de produção, desde a prospecção a workshop. A gente tem um acordo com a Endemol [criadora do formato MasterChef], opera os ex-cozinheiros e garante que não vão infringir nada da marca MasterChef", explica.
Apesar de ter crescido vendo programas de culinária na televisão e observando a avó, o tio e o pai cozinhando, Lemos demorou para encarar a cozinha como uma profissão. Quando deixou Santos, no litoral paulista, rumo a São Paulo sua escolha foi pela faculdade de publicidade, apesar de fazer sua própria comida para economizar dinheiro.
Formado, Lemos trabalhou por aproximadamente 15 anos em agências de publicidade, até que o estresse da profissão o deixar próximo de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) durante uma reunião. Foi aí que a trajetória de sua carreira mudou: "O médico me disse que se eu não quisesse morrer deveria mudar de profissão".
Lemos pediu demissão da agência de publicidade e decidiu que iria transformar a sua grande paixão, a culinária, em profissão por acreditar que era a única habilidade que possuía. Ele guardou o dinheiro da rescisão para pagar as contas durante um ano, comprou livros de culinária, começou a estudar e fez os amigos de cobaias para seus pratos.
A participação na segunda temporada do MasterChef aconteceu em grande parte devido ao incentivo da esposa. Ela praticamente preencheu a ficha de inscrição para Lemos, que entrou no programa com a pretensão única de aprender com grandes chefs que fazem participações no reality, como Alex Atala e Jefferson Rueda.
"A única coisa que eu queria era participar do programa, aprender. Sou um publicitário, não tinha grana para pagar uma faculdade de gastronomia. MasterChef é um grande workshop no qual aprendemos a cozinhar", afirma.