A classe artística reagiu com muitas críticas à entrevista em que a secretária especial da Cultura, Regina Duarte, minimizou a ditadura militar brasileira, a tortura praticada no período e as mortes de nomes como o do cantor e compositor Moraes Moreira, do escritor Rubem Fonseca, do compositor Aldir Blanc e do ator Flávio Migliaccio.
Artistas de diversas idades e perfis, inclusive ex-colegas de Regina, expressaram indignação nas redes sociais. Durante a entrevista concedida à CNN, ela ficou irritada quando a emissora mostrou um vídeo enviado pela atriz Maitê Proença pedindo que a secretária apresente soluções para a classe artística em meio à pandemia do novo coronavírus.
"O que você ganha com isso? Quem é você que está desenterrando uma fala da Maitê [Proença] de dois meses atrás? Eu não quero ouvir, ela tem o meu telefone. Eu tinha tanta coisa para falar, vocês estão desenterrando mortos", disse Regina, colocando fim à entrevista. O autor de novelas Walcyr Carrasco afirmou que dói ver as declarações atuais de Regina, de quem já foi amigo e teve ajuda no início da carreira.
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"Fiquei chocado quando na entrevista você simplesmente achou normal as mortes e chancelou a tortura. Dói mais e mais vê-la assim. Que aconteceu com você, Regina?", questionou. Em um longo texto publicado no Instagram da secretária especial, a cantora Anitta disse que Regina deveria estar preparada para ouvir todos os lados.
"Se recusar a ouvir uma opinião contrária logo depois de enaltecer os tempos de ditadura me causa muito medo. Até porque eu e muitos dos meus amigos seríamos os primeiros censurados caso esse regime voltasse ao Brasil e nós continuássemos no exercício do nosso trabalho", disse.
Anitta cobrou providências para que os trabalhadores da indústria artística sejam socorridos em meio à crise no setor, o que também foi feito pela atriz Alice Wegmann e pelo ator Bruno Gagliasso. "Muitos artistas e técnicos trabalham muito e nesse momento estão passando necessidade e sim, precisam de você", escreveu Alice. "Não dá para desculpar sua falta de diálogo com a categoria, a sua estupidez com jornalistas e ex-colegas de trabalho", disse Gagliasso.
Outros artistas demonstraram surpresa com o pronunciamento da secretária especial. "Fiquei chocada e sem acreditar no que estava vendo", contou a atriz Beth Goulart. "Fui assistir à entrevista da Regina Duarte e já pensava comigo que iria ser péssimo. Ela conseguiu me surpreender. Foi muito pior do que eu pensava", afirmou o ator Tonico Pereira.
A atriz e cantora Zezé Motta postou uma imagem de luto "por nosso ministério ou pasta" em suas redes sociais. Ivam Cabral, um dos fundadores do grupo de teatro Os Satyros, declarou ter chorado com a entrevista. "Choro porque isso significa o extermínio de várias categorias profissionais. Choro porque têm trabalhadores passando fome, enquanto a secretária tem um orçamento que poderia segurar a onda de muita gente".
Em uma postagem em que a atriz Débora Bloch questionou a humanidade de Regina Duarte, vários outros artistas divulgaram seus posicionamentos críticos à secretária especial. "Que horror", escreveu o ator e diretor Miguel Falabella. "Que triste", opinou a atriz Alessandra Negrini. "A Regina enlouqueceu. O que se pode fazer?", perguntou a atriz Vera Fischer. "Fim do mundo", disse a atriz Luisa Arraes. "Que vergonha, que vergonha", reagiu a atriz Mel Lisboa.