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Após críticas, JN aborda caso de assédio envolvendo Melhem

Folhapress
09 dez 2020 às 08:35

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- Reprodução
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O Jornal Nacional, principal jornalístico da Globo, abordou nesta terça-feira (8), pela primeira vez, a acusação de assédio envolvendo Marcius Melhem, ex-diretor de humor da emissora, e a atriz Dani Calabresa. O jornalismo da emissora vinha sendo alvo de críticas por não ter feito reportagens sobre o tema, mesmo ele tendo dominado as conversas nas redes sociais nos útlimos dias.


No final do telejornal, os apresentadores André Trigueiro e Ana Luiza Guimarães leram uma nota da Globo sobre o assunto. Eles começaram falando sobre a reportagem da revista piauí, segundo a qual Calabresa e outras funcionárias foram alvo de assédio por parte de Melhem.

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"Ouvida pela piauí e por esses veículos, a Globo informou que investiga criteriosamente todas as denúncias de assédio e que não tolera comportamentos abusivos", disseram. "Mas que não pode comentar publicamente nenhuma investigação desse tipo por ter assumido com todos os seus colaboradores um compromisso de sigilo do processo, que resguarda a investigação dos fatos, denunciantes, denunciados e testemunhas."

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"Mesmo nas hipóteses de desligamento, as razões não são tornadas públicas", prosseguiram. "Apesar desses esclarecimentos, a revista piauí e outros veículos criticaram a Globo por não se manifestar sobre esse caso específico."

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"Como prova de transparência", a Globo ainda deu os links da reportagem da piauí e disse que ela pode ser lida gratuitamente na internet, bem como o de uma entrevista do UOL com o ex-diretor. "Embora também não aborde em público de forma direta as acusações a Marcius Melhem, Dani Calabresa tem falado sobre assédio em suas redes sociais", disse ainda, divulgando os perfis da humorista.


DISPUTA JUDICIAL

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Após a divulgação da reportagem, Melhem anunciou que tomaria medidas judiciais contra Dani Calabresa, pedindo que ela confirme ou desminta relatos de assédio que teria sofrido. Ele também anunciou que entrou com uma ação da Justiça contra a advogada Mayra Cotta, que representa as mulheres e testemunhas que o acusam de assédio, para que ela prove as denúncias.


Em entrevista exclusiva ao jornalista Roberto Cabrini, veiculada na edição do último dia 6 do Domingo Espetacular (Record), Cotta rebateu o ator e diretor. "Eu acho lamentável que uma advogada, representando alvos de assédio, seja também colocada diante de uma ameaça desse tipo. Acho perigoso que a função de advogada esteja sendo ameaçada desse jeito", afirmou ela.

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O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, considerou inadmissível que Melhem tente intimidar a advogada. "É inadmissível que o acusado tente intimidar a advogada da outra parte. A advogada tem a prerrogativa de representar e falar pelas clientes. Darei ciência à Comissão de Prerrogativas para que todo apoio seja dado à advogada", disse em nota enviada ao F5.


Nesta terça-feira (8), a defesa de Melhem se manifestou explicando o motivo da abertura do processo. Em nota, a advogada Ana Carolina Piovesana diz que "a decisão de Marcius Melhem de judicializar a denúncia feita pela imprensa (sem processo) contra ele é a demonstração clara do seu respeito às pessoas envolvidas e ao Estado Democrático de Direito". A advogada diz ainda que "judicializar o debate é exercer o direito de defesa, consagrado na Constituição Federal".

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ENTENDA O CASO


A colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, foi a primeira a expor a extensão das acusações contra o humorista, por meio de uma entrevista com a advogada Mayra Cotta, publicada no dia 24 de outubro. Na sexta-feira (4), reportagem da revista piauí revelou detalhes sobre dois assédios sofridos por Dani Calabresa que causaram comoção de internautas e artistas. Na época dos fatos, Marcius Melhem atuava como diretor humorístico da emissora. Segundo testemunhas e colegas de Calabresa, as situações aconteceram em 2017.

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Uma das denúncias revela que Marcius Melhem tentou beijar Calabresa à força, além de agarrá-la contra a sua vontade durante uma festa da equipe do Zorra, no Rio de Janeiro. Ele também pediu para que a artista "calasse sua boca" sobre a situação.
Calabresa denunciou o fato à chefe de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico (DAA), Monica Albuquerque, após deixar o elenco do Zorra.
De acordo com a piauí, a primeira decisão em relação ao fato foi recomendar uma terapia ao acusado, sem nenhuma advertência. Na sequência, o caso também foi levado para Carlos Henrique Schroder, diretor-executivo de Criação e Produção de Conteúdo da Globo.


Ainda segundo a publicação, Schroder pediu que uma investigação foi realizada e novos casos contra Melhem apareceram. Ao menos três atrizes manifestaram incômodo ao contracenar com o ator e diretor, citando situações em que ele roçava o pênis nelas.

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No dia 5 de dezembro, em entrevista ao UOL, Marcius Melhem disse que demorou um ano para falar porque antes de tudo queria "entender que tudo que aconteceu e está acontecendo comigo, aconteceu a partir dos meus erros."


"Hoje eu entendo que tive comportamentos, atitudes, que não cabem mais. Entendo que fui, como homem, e é muito doloroso para mim dizer isso aqui porque me expõe, expõe minha família mais do que já estão expostas, minha ex-mulher, minhas filhas, mas estou aqui por uma questão de dignidade. Já não é uma questão de culpado, inocente, não ser ouvido, condenado, é uma questão de dignidade", diz.


"Eu fui um homem tóxico, um marido péssimo, uma pessoa que cometeu excessos em se relacionar com pessoas dentro de seu próprio ambiente de trabalho, coisa que eu não via problema, mas hoje entendo todas as nuances que isso pode ter. Entendo que eu, como homem, feri pessoas, magoei, traí, fui galinha, tudo isso foram erros meus e num mergulho muito profundo feito neste ano cada vez entendo mais", continuou.


Ainda em entrevista ao UOL, Melhem afirmou que teve ajuda de amigos e que "mergulhei na minha própria lama para entender, e ainda estou entendendo, os meus erros". "É preciso dizer que, em cima dos meus erros, e das coisas que efetivamente eu fiz, tem muita coisa sendo falada que é mentira e muita coisa sendo falada que, de forma alguma, eu fiz e isso eu preciso combater."


O ex-diretor da Globo também criticou a advogada Mayra Cotta que, segundo Melhem, "traçou um perfil meu de um abusador serial e de uma pessoa que tem hábitos violentos" na entrevista a Monica Bergamo. "Eu jamais, embora confesse meus excessos e já confessei aqui e a gente pode conversar sobre eles, eu jamais tive nenhuma relação que não fosse consensual e eu jamais pratiquei nenhum ato de violência com quem quer que seja na minha vida. Esse perfil que foi traçado ali ele não corresponde de forma alguma a quem eu sou."


Marcius Melhem disse ainda que "lamenta muito que tenha chegado nesse ponto, mas é importante que nós dois vamos até à Justiça, para que lá tudo fique esclarecido e a responsabilidade seja devidamente colocada". "É só o que eu posso dizer. Mas eu não tenho raiva nem dela, nem de ninguém. Trabalhei muito para não ter raiva de ninguém, porque eu não quero duvidar da dor de ninguém e não quero ficar nessa posição."


Sobre os relatos de assédio citados na reportagem da revista piauí, Melhem disse que aquilo não aconteceu, mas não quis dar sua versão. "Eu não vou contar. O que eu posso dizer é que aquilo que aconteceu naquela festa, aquela narrativa é completamente fantasiosa, irreal. Tenho testemunhas de que aquilo não aconteceu."


"Não vou expor a Dani dizendo o que aconteceu entre eu ela nem naquela festa nem [interrompe]. O que posso dizer, por exemplo, é que se tivesse acontecido... porque na narrativa da piauí, a partir dali ela teria ficado traumatizada comigo. Isso não aconteceu! Uma semana depois daquela festa, nós trocamos mensagens", continua o ator, ao ressaltar que ele e as filhas foram convidados pela atriz para ir à Disney.

Dani Calabresa se manifestou publicamente pela primeira vez sobre os novos detalhes que vieram à tona nas redes sociais. "Nunca quis ser vista como uma mulher assediada", afirmou Calabresa, em mensagem postada nas redes sociais. "Mas para recuperar a minha saude, precisei me defender. Nunca procurei a imprensa. Tomei as medidas cabiveis para conseguir ajuda. Tudo e muito dificil, dá medo, vergonha, mas temos que lutar por respeito e justica. Nao passarao. Assedio e crime!"


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