Literatura

Em 'Muito longe de casa', garoto relata como sobreviveu à guerra civil na África

07 nov 2007 às 17:28

Ishmael Beah era um menino de 12 anos que gostava de estudar e aprender letras de rap para se apresentar com o irmão mais velho e os amigos em festivais de talentos de aldeias vizinhas à sua cidade, Mogbwemo, em Serra Leoa, quando a guerra tirou dele o irmão, o resto da família, a escola e a música.

Agora aos 25 anos, depois de ter escapado de sucessivos massacres cometidos pelos rebeldes nas aldeias por onde ele passou na busca de um local seguro para manter-se vivo, Ishmael conta com impressionante simplicidade não apenas como sobreviveu à guerra, mas como conseguiu manter a lucidez diante de tudo o que viu e viveu.


Mas, além da riqueza de detalhes com que o autor conta sua passagem de fugitivo da guerra para parte integrante do conflito, o que mais impressiona é a poética do texto - uma liguagem carregada da tradição mitológica dos povos locais produzida por aquele que, na infância, era fã das tramas de Shakespeare.


Sua história, no entanto, é cercada pela crueza da matança em série, do massacre de aldeias inteiras, chacinas executadas por um grupo conhecido como Revolutionary United Front (Frente Unida Revolucionária), o RUF. Essa história, Ishmael nos apresenta em episódios entrecortados por passagens de sua infância que vêm à tona em todos os momentos de sua trajetória.


Narrado em primeira pessoa, ''Muito longe de casa: memórias de um menino-soldado'' é capaz de transportar o leitor para o cenário descrito não apenas como espectador da história. O livro tem o poder de transmitir a nós a terrível sensação de ver-se encurralado pelo absurdo.

Serviço:
''Muito longe de casa: memórias de um menino-soldado'', de Ishmael Beah. Tradução Cecilia Gianetti. Editora Ediouro. Nas Livrarias Curitiba o preço é R$ 34,90.


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