Um grupo de crianças enxeridas e seu cachorro são chamados para investigar um mistério. Mas o que antes parecia uma trama sobrenatural logo se revela um plano mundano, arquitetado por um vilão improvável que logo é desmascarado.
Essa premissa fez parte da infância de muitas gerações. Há 51 anos, Fred, Daphne, Velma, Salsicha e Scooby-Doo aparecem em releituras do clássico animado produzido pela Hanna-Barbera em 1969. Agora, eles estão no centro de um novo longa-metragem.
"Scooby! O Filme" deveria ter feito sua estreia na telona em maio, mas, por causa da pandemia de coronavírus, foi lançado diretamente na internet. Agora, ele finalmente chega ao streaming brasileiro, a partir desta quinta-feira (6).
Mas engana-se quem pensa que esta é uma trama clássica de Scooby-Doo. Desta vez, o quinteto investigativo encontra outros personagens do baú de Hanna-Barbera, para solucionar um mistério com tons de filme de super-herói. Falcão Azul e Bionicão, de "Dinamite, o Bionicão", e Dick Vigarista, de "Corrida Maluca", são alguns deles.
"Nós queríamos contar um tipo diferente de história, porque os seriados clássicos estão disponíveis por aí e fazem um bom trabalho. Então tentamos algo diferente -o mistério ainda é uma parte importante da história, mas ela agora inclui aventura do tipo de super-heróis e também abre esse universo para incluir outros personagens", explica o diretor do longa, Tony Cervone.
Com essa abertura para que mais gente participasse do banquete de biscoitos Scooby, é inevitável não lembrar dos universos cinematográficos que estão invadindo os estúdios, caso do Universo Estendido DC, da mesma Warner Bros.
Recentemente, a empresa anunciou planos de revitalizar o acervo herdado de William Hanna e Joseph Barbera, por meio de uma série de filmes que poderiam estar conectados.
"Esse filme definitivamente faz parte de um universo de Hanna-Barbera. Mas eles [o estúdio de animação] têm um histórico de fazer isso muito antes dessa moda atual, então tudo me soa muito natural", diz Cervone em referência aos vários episódios em que personagens de diferentes desenhos se encontravam.
Scooby-Doo, por exemplo, já contracenou com nomes como Johnny Bravo, Tutubarão e Homem-Pássaro muito antes de o Homem de Ferro de Robert Downey Jr. criar uma bilionária equipe de super-heróis de elite em "Vingadores".
"Decidiram testar e, se 'Scooby!' for bem-sucedido e o público quiser mais, definitivamente haverá mais histórias para contar nesse universo", diz o diretor da nova animação.
E não é difícil entender o porquê de investir nesses personagens. Há anos eles são recorrentes na televisão mundial, seja por reprises de episódios passados ou por reboots modernizados. Scooby-Doo e sua turma já passaram até mesmo pelo tratamento live-action, no início dos anos 2000.
"Scooby-Doo" e "Scooby-Doo 2: Monstros à Solta", de 2002 e 2004, respectivamente, são lembrados com carinho por toda uma geração que cresceu à época de seus lançamentos. Mas não espere ver no novo "Scooby! O Filme" o mesmo tom sombrio e as piadas pouco infantis de seus antecessores de carne e osso.
"Eu acho que nossa abordagem é um pouco mais... ou definitivamente mais leve. As cores desse filme, por exemplo, são muito claras, por causa dessa orientação mais familiar. O filme foi feito para a tela grande, e algumas das imagens de monstros podem ser assustadoras para crianças pequenas", explica Cervone. "O estúdio não queria assustar as crianças, mas, sinceramente, eu poderia facilmente fazer isso", brinca.