Um ator norte-americano acusou o cineasta italiano Franco Zeffirelli, 94 anos, de abuso sexual. Segundo Johnathon Schaech, 48, o diretor o molestou em 1993, durante as gravações do filme "Storia di una capinera".
Em um relato em primeira pessoa à revista "People", Schaech conta que Zeffirelli o havia cortejado no set do longa-metragem e tentado forçá-lo a fazer sexo oral. "Ele tentou me seduzir desde o começo. Dizia como eu era bonito, me contava histórias incríveis e o que eu devia fazer para ser um grande artista."
De acordo com o ator, Zeffirelli era "incrivelmente charmoso". "Você pensaria que estava seguro naquela situação. Mas eu logo vi que não estava. Eu senti isso. Meus instintos me diziam para ficar longe dele."
Segundo o relato de Schaech, o diretor italiano usava a desculpa de "ensiná-lo" para seduzir o ator e o levava para "lugares aonde ninguém podia ir". "Eu me sentia abençoado, mas Franco bebia até os extremos e se tornava muito agressivo e abusivo, não apenas comigo."
Schaech diz que Zeffirelli tentava visitar seu quarto à noite, apesar de repetidas negativas, e, em certo ponto, passou a ser "verbalmente abusivo", fazendo-o sentir que não sabia atuar nem fazer qualquer coisa direito.
"Uma noite, acho que quando estávamos em um hotel na Sicília, ele disse que ia a meu quarto. Daquela vez ele conseguiu pegar uma chave. Estava na cama, dormindo, e ele entrou no quarto. Ele parou do lado da cama e estava perto de minha cabeça quando acordei. Ele me pegou pelo rosto. Eu estava gritando 'não', e ele respondeu: 'temos de fazer isso'. Lembro de sentir seu bafo de uísque", relata o ator.
Ainda segundo Schaech, todo o episódio durou 30 segundos, mas pareceu ter levado "quatro horas". "Ele tentou me forçar a fazer sexo oral. Eu me lembro de pensar: 'Deus, por favor, não'", finaliza, chamando Zeffirelli de "predador". De acordo com ele, a tentativa de abuso causou problemas com drogas e álcool e deixou seu mundo "confuso" por um longo tempo.
Resposta
A reação à denúncia veio do filho de Zeffirelli, Pippo, que afirma que a acusação é "falsa" e tem "sabor de uma verdadeira vingança". "Os diretores têm estilos diversos e, quando precisam lidar com atores sem experiência, às vezes são mais exigentes", diz.
Pippo alega que Schaech ficou furioso porque o cineasta colocara um britânico para dublar seu personagem em "Storia di una capinera". Além disso, afirma que conversou "ocasionalmente" com o ator via WhatsApp, sem que ele revelasse "o menor traço de seu problema psicológico".
"Estou chocado que Schaech tenha esperado tanto tempo e escolhido justamente este momento para fazer suas acusações, agora que o mestre, por causa de suas condições de saúde, não pode se defender", salienta, acusando o ator de tentar obter a notoriedade que "sua carreira nunca lhe deu".
Zeffirelli é um dos cineastas mais famosos da Itália e autor da mais célebre versão para o cinema do clássico "Romeu e Julieta", de William Shakespeare. Homossexual assumido, também foi senador pelo partido de Silvio Berlusconi.
Em 2015, o diretor foi reconhecido como parente do gênio renascentista Leonardo da Vinci.