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Protesto pede expulsão de alunos da UEPG por troca de mensagens racistas

23 set 2022 às 18:31

Cerca de 400 pessoas estiveram presentes no protesto realizado na manhã desta sexta-feira (23), no restaurante universitário do Campus Uvaranas, da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), pedindo a expulsão de sete estudantes do curso de Agronomia que teriam trocado mensagens racistas por meio de um grupo de aplicativo. O caso foi enviado à ouvidoria da UEPG por intermédio de uma denúncia anônima no dia 22 de agosto. Na sequência o caso foi encaminhado ao MPPR (Ministério Público do Paraná). Desde então, o MPPR (Ministério Público do Paraná) investiga o caso. Segundo a assessoria da instituição, os fatos chegaram ao conhecimento do Ministério Público do Paraná em Ponta Grossa e foi instaurado procedimento para apuração, que tramita sob sigilo. 


A UEPG abriu um processo administrativo interno para apurar o caso. As investigações podem culminar em punições disciplinares que podem chegar à expulsão da instituição, mas até o momento os estudantes envolvidos só foram afastados.


Além das manifestações racistas, os alunos também são acusados de trocar mensagens com cunho homofóbico, apologia ao nazismo e incitação à violência. Entre as figurinhas publicadas estão imagens de pessoas trajadas com roupas da Ku Klux Klan acompanhada pelos dizeres “Preto aqui não”, outra com os dizeres “Se eu ganhasse um real a cada vez que sou racista, provavelmente um preto fdp iria me roubar”, outras com imagens de Hitler e também imagens de bonecos colorizados com a suástica ou com a bandeira dos Estados Confederados agredindo um boneco com as cores do movimento LGBTQIA+. 



A manifestação foi organizada pelo Coletivo 4P - Poder Para o Povo Preto. "Sobre a participação da comunidade acadêmica, contamos com a presença ampla dos cursos da área de humanas, exatas, saúde, agrárias e inclusive contamos com a presença de acadêmicos de agronomia manifestando seu repúdio e indignação frente ao caso de racismo, LGBTfobia e referências de cunho nazista, além de alguns alunos do colégio agrícola representando suas questões, demandas e também repúdio. A respeito da aprovação, os acadêmicos que interagiram com o movimento estudantil se demonstraram favoráveis ao movimento, a Universidade não se pronunciou oficialmente até o momento. Em termos de número, para nós a manifestação foi expressiva, esperamos mais pessoas na manifestação de segunda no campus central.", declarou Clara Prado, do curso de Letras da UEPG.


"Nós queremos que a comunidade entenda que esse ciclo de ódio não pode se perpetuar e ser normalizado. Relembramos o caso ocorrido em Piraí do Sul onde crianças negras foram colacadas para interpretar escravos em desfile cívico que é um exemplo de racismo explicito que deve ser tão combatido quanto o racismo praticado nas redes ocorrido lamentavelmente na nossa UEPG."


"Queremos mostrar o que deveria ser óbvio, o quão nocivo, repulsivo, abominável é o racismo, LGBTfobia e referências de cunho nazista, questões estas que tem sido validadas por pessoas em situação de poder. Mostrar nossa indignação, repúdio e desprezo a estes atos que por alguns são defendidos como brincadeiras, como 'só figurinhas' num grupo de integração. Para nós estes atos são tão conscientes quanto criminosos, estes estudantes devem ser responsabilizados e expulsos como já ocorreram em outras instituições minimamente sérias. Pedimos que a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 seja atendida", afirmou Prado, em nome do coletivo.


O fato repercutiu também no conselho municipal do município. “Falo em nome do Compir (Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial de Ponta Grossa) e como mulher negra tal não poderia deixar de me manifestar. Meu total repúdio a esse ato criminoso, que não representa a instituição UEPG, mas não podemos nos silenciar, porque o silêncio também é uma violência”, declarou Cris Zelenski.


O presidente do Instituto Sorriso Negro dos Campos Gerais, José Luiz Teixeira, afirmou que pela naturalização do racismo no Brasil, isso não o assusta. “Até porque não são só sete alunos racistas. São muito mais, porque eles são invisíveis. Infelizmente a gente não consegue enxergá-los. Eles nascem, começam a caminhar e se tornam adultos invisíveis e começam a fazer toda manifestação dessa forma. Ficamos sabendo que toda a situação de racismo foi publicizada, e hoje tivemos uma manifestação com o centro acadêmico e com outras agremiações estudantis.”


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