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Através das camadas de tinta

Pesquisadores da UEL publicam estudo realizado em pinturas de Vincent van Gogh

Redação Bonde com Agência UEL
25 mar 2021 às 16:50

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- Reprodução/MASP
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Os pesquisadores Carlos Appoloni e Rafael Molari, membros do GFNA (Grupo de Física Nuclear Aplicada) da UEL, são autores de um trabalho publicado recentemente na revista inglesa Radiation Physics and Chemistry, que trata do estudo por PXRF (fluorescência de raio X portátil) de quatro pinturas do holandês Vincent van Gogh (1853-1890), uma das figuras mais famosas e influentes da História da Arte ocidental.


As pinturas estudadas foram "O Escolar” (1888), "Banco de Pedra no Asilo de Saint-Remy” (1889), "Passeio ao Crepúsculo” (1889) e "A Arlesiana” (1890), destaques da coleção do MASP (Museu de Arte de São Paulo) [https://masp.org.br]. Todas são pinturas em óleo sobre tela. O artigo contempla parte da tese de Doutorado do professor Rafael, defendida em outubro de 2020, que estudou ainda obras de outros dois pintores.

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Técnica – A fluorescência de XRF (raios X) é uma técnica de análise que pode determinar a composição química de uma ampla variedade de materiais e também é usada para determinar a espessura e a composição das camadas e revestimentos, como no caso das pinturas. Assim, pode responder "o quê” e "quanto”. Trata-se de uma técnica de alta precisão e exatidão, com preparação simples e facilmente automatizada para uso em ambientes industriais de alta produtividade. O método mede o comprimento de onda e a intensidade da "luz” (raios X, no caso) emitida pelos átomos energizados na amostra.

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Os pesquisadores utilizaram o equipamento e registraram informações valiosas, como a presença de camadas e bases sobre as quais a pintura foi executada. Uma grande variedade de elementos químicos, constituintes das tintas, foi confirmado, como arsênio, mercúrio e zinco. Uma cor chamada Azul da Prússia, por exemplo, tem em sua fórmula química ferro, carbono e nitrogênio. Já o cobre está presente no Verde Esmeralda, enquanto cromo, chumbo e enxofre foram encontrados no amarelo. Cada quadro foi avaliado em duas e três dezenas de pontos diferentes.

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O estudo gerou informações substanciais sobre os materiais presentes nas pinturas e os resultados obtidos estão totalmente de acordo com outros semelhantes, de estudos anteriores nas obras de Van Gogh durante o tempo em que viveu em Arles e Saint-Remy, no final de sua vida. Os resultados foram reportados ao Departamento de Acervo, Conservação e Restauro do MASP e também para o Museu Van Gogh (Amsterdã/Holanda) de modo a contribuir com a documentação científica das obras.


Para os autores, a expectativa é de que os resultados possam auxiliar historiadores da Arte, restauradores e conservadores a compreender o método de trabalho do artista assim como seu processo de criação. Além disso, outros trabalhos podem vir a ser feitos, utilizando outras técnicas e equipamentos empregados na Física.


Para Appoloni, há mais um efeito importante do estudo: a própria segurança da obra. Caso surja alguma dúvida sobre a autoria, por exemplo, a análise científica é logo feita para comparar e comprovar ou não a autoria. O professor lembra que os pesquisadores da UEL trabalham desde os anos 90 em projetos aplicados em várias áreas, entre as quais a Arquiometria, que inclui o estudo de pinturas, não só do MASP. Ele destaca também que as metodologias e ferramentas usadas pela Física são não invasivas e não destrutivas dos materiais analisados.

Trajetória acadêmica – Rafael, que atualmente leciona na Rede Estadual, construiu uma carreira de pesquisador. Na graduação, participou da Iniciação Científica por três anos. O professor Appoloni o orientou no Mestrado e no Doutorado, e já está encaminhado um projeto de Pós-Doutorado, numa parceria entre a UEL e Universidade de São Paulo. Rafael já teve cinco artigos publicados e conta que o trabalho com pinturas foi muito além do Doutorado. Mais de uma dezena de quadros foram analisados, todos escolhidos pelo MASP.


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